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Lately

Histórias, opiniões, desabafos, receitas...

Lately

Histórias, opiniões, desabafos, receitas...


Miguel Mósca Nunes

13.10.22

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A escola de hoje (mais precisamente, o actual modelo de ensino) está obsoleta e serve para muito pouco.

Não respeita a individualidade das crianças e dos jovens, levando, injustamente, a concluir que quem tem maus resultados é menos capaz ou menos inteligente. Não estimula o pensamento crítico e não permite que se estude com tempo, promovendo a assimilação do conhecimento e permitindo, por exemplo, a consulta de várias fontes, sobretudo porque os programas curriculares são extensos e as matérias são despejadas diaria e intensamente, não permitindo a reflexão e o debate. O pensamento crítico é fundamental para que possa haver evolução, baseada na criatividade, e para que se possa sedimentar um futuro melhor.

Os próprios professores estão espartilhados na sua acção sem grande margem para dinamizar as aulas, não utilizando ferramentas alternativas, mais apelativas e eficazes. Com todos os recursos de que dispomos, é um absurdo, e sinal de uma enorme incompetência, manter este sistema de ensino caduco, cujas metodologias são iguais para toda a gente. Não se privilegiam as diferenças de aprendizagem, as diferentes formas de absorver a informação.

Não temos uma escola inclusiva, que olhe para a diferença e que aproveite o potencial de cada indivíduo, as suas características, as suas faculdades e capacidades, que são, naturalmente, diferentes das dos demais. Não olha para a especificidade, ao invés, generaliza, superficializa, julga e avalia de acordo com parâmetros globais - aquilo a que se chama "chapa 5".

Galopim de Carvalho escreveu, num post do facebook, que «os nossos professores têm de cumprir o, quanto a mim, muito mau programa oficial que, desgraçadamente, os obriga, não a ensinarem, mas a "amestrarem" os alunos a acertarem nos questionários do exame nacional, restando-lhes muito pouco tempo para lhes dar formação. Neste quadro nacional, os alunos irão "deitar para o lixo tudo o que lhes foi empurrado para dentro da cabeça"». Esta afirmação diz tudo!

Por outro lado, e porque continuamos num país elevadamente preconceituoso, o ensino profissional, que está em fase de expansão e que melhor responde às diferenças dos alunos, continua a ser marcado com o estigma de ser direccionado para quem tem fracos resultados no ensino regular, e é menos inteligente ou tem menos capacidades.

Enquanto existir esta visão antiquada e retrógrada do sistema, não evoluiremos para novas abordagens, muito mais estimulantes, evoluídas e INTELIGENTES.

 

 

 


Miguel Mósca Nunes

12.10.22

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O Amor preenche-nos, não nos deixa cair, cuida de nós, e isso vê-se.

Vê-se no pão de que mais gosto para o pequeno-almoço e que tu não te esqueces de comprar, no telefonema diário, assim que chego ao trabalho, mesmo que nos tenhamos despedido há meia hora atrás, só para saber se está tudo bem. Vê-se no teu ar de aflição, se desconfias que me estou a sentir menos bem.

O que seria se não nos tivessemos encontrado, há quase quarenta anos, numa turma de gente que estava à procura de si, de se encontrar, se saber qual seria o seu papel neste mundo complicadíssimo. Gente com esperança, gente boa que se esforçava por atingir bons resultados, outros nem tanto, cheios de crenças que os faziam tomar atitudes de perfeita imbecilidade, a que hoje se chama assédio ou bullying, e que, provavelmente, mantêm a idiotice, passados estes anos todos.

E lá estávamos, nesses curiosos e difíceis, mas encantadores, anos oitenta, sem nos passar pela cabeça que um dia casaríamos e teríamos filhos. Uma professora de Geografia atirou, um dia, essa piada. E nós, a rir, ao mesmo tempo que rejeitávamos veementemente essa ideia absurda, não imaginávamos...

A inexorabilidade do tempo, que é uma coisa muito cruel, mas que não pode ser alterada, levou-nos ao presente. A este curioso e difícil, mas maravilhoso, presente.

E se esta nossa história vai ficando diluída na lufa-lufa insuportável do dia-a-dia, às vezes calha olhar para ti, e é quando te reencontro, nesses teus olhos únicos que são a minha pátria. E tudo se apazigua, porque tu és o meu Amor, para sempre.

 


Miguel Mósca Nunes

11.10.22

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Haruki Murakami é uma das minhas últimas e deliciosas descobertas. Apresenta-nos uma escrita simples mas pungente e densa, que nos leva para a vida de cada uma das personagens sem qualquer dificuldade. Os dilemas da juventude são retratados, neste Norwegian Wood, de frente, sem peias, sem rodeios, e a sensação que percorre o livro é a de que somos amigos íntimos e confidentes de Toru Watanabe.

As referências musicais e literárias são uma constante: desde logo aos Beatles, a Tom Jobim (Garota de Ipanema) ou a Brahm’s (quarta sinfonia), a Thomas Mann (A Montanha Mágica) ou a F. Scott Fitzgerald (O Grande Gatsby), o que nos aproxima mais ainda da narrativa e nos faz imergir na história.

Os tempos de escola e de estudo, os dilemas da adolescência e a entrada abrupta na idade adulta, são as linhas centrais desta história. É um livro extremamente actual, embora tenha sido lançado em 1987 e a sua acção decorra no final dos anos 60, falando dos estudantes, da vivência nas residências universitárias, das amizades aí construídas e dos encantamentos e desilusões amorosas. Existe sempre a sensação de não pertencer a lado nenhum, a nenhum grupo, a ninguém.  A incerteza, o estar à deriva, sem rumo. E não estamos livres de haver um acontecimento que nos marque, e condicione, para sempre.

É daqueles livros que se deseja que não chegue ao fim, e cria a vontade de ler mais obras deste autor.


Miguel Mósca Nunes

10.10.22

 

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Através deste livro, transposto para o cinema, chega-nos uma história muito bem escrita por Kathryn Stockett, sobre a discriminação racial nos Estados Unidos, na década de 60 do século XX.

A obra vai muito para além do simples relato de acontecimentos, dando corpo a um romance com personagens fictícias baseadas em pessoas reais, como a empregada negra que a autora teve quando criança, a viver no Estado do Mississipi, um dos estados sulistas onde a segregação racial mais se fazia sentir na altura.

Mantém um registo sério mas hilariante, humano e rigoroso na descrição dos costumes da época, e é sublime na demonstração da futilidade e das aparências a mascarar uma maldade profundamente enraizada na sociedade americana, que ainda hoje não desapareceu. Mestre na progressão das suas personagens ao longo da narrativa, a autora vai desenrolando cada capítulo com uma densidade psicológica suficientes para arrebatar o leitor até ao final do livro.

Uma nota para a esperança que deposita no carácter e na bondade do Homem, e nos valores da igualdade, da solidariedade e da amizade, nomeadamente através das personagens de Aibileen Clark, Minny Jackson e Eugenia Phelan (Skeeter), e para o suspense criado pela reserva, quase até ao final, das consequências negativas para a mesquinha e oca Hilly Holbrook, de que os leitores estão à espera quase desde o momento em que a conhecem, logo no início da história.

Detenham-se na deliciosa cena da tarte, e no que tem de determinante para toda a trama. Inesquecível!


Miguel Mósca Nunes

08.10.22

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Há um livro que li há muitos anos atrás, em adolescente, e que me marcou profundamente, sobretudo por ser um retrato duro da sociedade americana (escrito em 1967), baseada no culto da aparência e na procura do estatuto social, alicerçado no sucesso profissional, que traduzia a valorização exacerbada do materialismo. Coisa não muito diferente do que se passa actualmente.

A escrita é fluída, consistente, acessível e marcada por uma crueza surpreendente para a altura em que foi escrito, chocante para um leitor um pouco imaturo na altura em que o leu.

Elia Kazan, o escritor deste livro e o brilhante realizador do filme com o mesmo nome, co-fundador do famoso Actors Studio, revelava ser um contador de histórias desconcertante e provocador, e foi, por isso, um dos maiores motores da viragem do cinema americano, na abordagem de temas contemporâneos, de cariz modernista e realista. Nas palavras de Stanley Kubrick, ele era o melhor realizador americano, capaz de operar verdadeiros milagres nas interpretações que conseguia tirar dos actores (nomeadamente, através do “método”).

Quanto à história, será o leitor a descobri-la. Como pontos fortes para aguçar a curiosidade, são de salientar a vertigem da personagem central, entre uma vida familiar estável e uma outra, obscura e paralela e a desconstrução de uma felicidade aparente e superficial, baseada na futilidade e no materialismo, sem qualquer sentido mais profundo. Outro ponto muito forte reside na dificuldade que terá de encontrar o livro. Provavelmente, conseguirá comprá-lo através da net ou num alfarrabista, usado, é claro. Para quem tem prazer em procurar livros, é indescritível.

Quando o encontrar, tenho a certeza de que não vai conseguir parar de ler.


Miguel Mósca Nunes

07.10.22

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"A Laura era uma pessoa única no teatro português. Foi de facto a grande estrela com quem eu trabalhei, que eu conheci, profundamente amada pelo público, que amava e respeitava profundamente o público." Quem fez esta afirmação foi o actor Carlos Paulo, num programa sobre esta enorme actriz, na RTP. Nota-se uma ternura nestas suas palavras, uma saudade, uma admiração com a carga de ser póstuma, a fazer-se acompanhar por um profundo pesar e pelo desejo de que ainda estivesse viva, em cima do palco, para o qual viveu, e por causa dele morreu.

Nesta mesma entrevista, Carlos Paulo refere que um grande mestre do teatro, Peter Brook, dizia que a Laura tornava sublime o que é banal.

Lembro-me de tantos outros maravilhosos actores, como Rui de Carvalho, Nicolau Breyner, Ivone Silva, Amélia Rei Colaço, que deram a vida pelo teatro e deixaram tudo no palco, com os poucos recursos de que dispunham. Continuamos a ver este esforço hercúleo quando temos o privilégio de assistir ao magnífico trabalho de Custódia Gallego, Maria José Paschoal e João Lagarto na peça de Lucy Kirkwood, Os Filhos, no Teatro Aberto, e de Cidália Moreira, Miguel Dias, Paulo Vasco e Sofia de Portugal, tão bem acompanhados por Cátia Garcia, Teresa Zenaida, André David Reis, Bea Moreira e Marcos Marques, na revista encenada por flávio Gil, Parabéns Parque Mayer!, no Teatro Maria Vitória. Não me ficando pelos exemplos dados, e para não ser injusto, tenho de referir todos os actores, bailarinos, técnicos, encenadores e escritores deste país.

E isto faz libertar um sentimento comum, de revolta e insatisfação, pelo facto de estarmos num país que despreza (convenientemente) a arte e os seus artistas, que valoriza e faz prosperar os corruptos, através da mediocridade, porque é na mediocridade que germina e se desenvolve a falta de discernimento para escolher quem nos governa. E anda tudo à volta disto, mas é o que sinto, e é o que vejo todos os dias. Um propositado desvio de recursos, um completo desperdício, cultivado pelas elites.

A crise é suportada pelos contribuintes. As injecções de capital para satisfazer banqueiros incompetentes e usurários, as frotas de automóveis das empresas públicas, os privilégios dos deputados, membros da Assembleia da República e do Governo, os riscos das parcerias público-privadas, a gestão danosa dos serviços do Estado, tudo pago pelos contribuintes.

A cultura, essa, convém manter sob um orçamento magro, para que não possa espevitar o espírito crítico, precisamente. Ler, ir ao teatro, conhecer a História, são coisas para a elite - a quem não interessa nada tornar sublime o que é banal. Aquela que perpetua este estado de amnésia colectiva e a ignorância dos votantes.

É isto... 


Miguel Mósca Nunes

07.10.22

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“Há canções que vêm das pradarias de flores azuis e do pó de mil caminhos. Esta é uma delas”. Assim começa o romance de Robert James Waller, que deu origem a um dos mais sensíveis e arrebatadores filmes, na mais inusitada história de amor alguma vez vista no cinema. A história de um amor impossível, muito pouco convencional, principalmente por ser adúltero.

Estamos perante um filme, realizado por Clint Eastwood, que foi vendido como uma história antiga, leia-se antiquada, e talvez por isso pouco conhecido pelas gerações mais novas, mas que de tradicional tem muito pouco.

Falamos de um amor entre uma dona de casa frustrada, Francesca Johnson, e um fotógrafo profissional da National Geografic, Robert Kincaid, que se conhecem por acaso, durante uma ausência do marido e dos filhos da personagem feminina, num encontro que dura apenas quatro dias, algures em 1965, mas que teve repercussões para o resto das vidas das duas personagens. A partir daí ela passa a viver alimentada pelas recordações fechadas num baú, e ele dedica-se apenas ao trabalho, não tendo, até ao final da vida, nenhuma outra mulher.

Em 1982 a, então, viúva recebe uma carta do advogado do fotógrafo a comunicar o falecimento deste, a acompanhar uma caixa, na qual encontrou uma corrente de prata com uma medalha com o nome Francesca incrito, uma pulseira igualmente de prata (a inesquecível pulseira que fora alvo de especial atenção por parte de Francesca no primeiro encontro), as máquinas fotográficas que foram as ferramentas de trabalho de Robert, e uma carta, na qual o fotógrafo explica o vazio que foi a sua vida após aquele encontro no verão de 1965.

O advogado disse também que as cinzas de Robert foram espalhadas na ponte de Roseman, uma das pontes fotografadas para a National Geografic e na qual os amantes se conheceram no início daqueles inesquecíveis e inacreditáveis quatro dias, cumprindo o que fora estipulado em testamento. Só nessa altura Francesca percebeu a verdadeira dimensão do amor do fotógrafo.

Até à sua morte, em Janeiro de 1989, Francesca manteve o ritual de ver a caixa e o seu conteúdo no dia do seu aniversário.

O casting para o papel feminino principal foi relativamente difícil para Clint Eastwood, mesmo como realizador e actor principal do filme, que teve de argumentar, quase como um advogado numa delicada causa em pleno tribunal, perante uma muito relutante Warner Bros.

Tudo começou porque, segundo consta, uma grande amiga de Meryl Streep, a actriz Carrie Fisher, deu a Clint o número de telefone daquela. Clint sabia que estaria a contratar uma das melhores atrizes da actualidade, com uma versatilidade e uma profundidade interpretativa inigualáveis.

Apesar de a personagem feminina do livro ter 45 anos e a actriz ter essa mesma idade, a Warner considerava Meryl Streep muito velha para o papel. Para além disso, havia o receio de que a actriz não conseguisse captar o público necessário para tornar o filme um êxito de bilheteira.

O realizador não desistiu e Meryl fez uma das mais brilhantes interpretações da sua carreira, num papel pungente e cheio de sensualidade. Com o próprio Eastwood, construiu um dos pares mais verossímeis da história do cinema, cuja química transbordou todas as expectativas iniciais. Foi nomeada para o Óscar de melhor actriz. Não ganhou o Óscar, mas ganhou o Globo de Ouro. O filme rendeu na primeira semana de exibição nas salas de cinema americanas qualquer coisa como 10,5 milhões de dólares.

Consultando a wikipédia, há uma referência a uma suposta crítica da revista americana Entertainment Weekly ao livro, que penso caracterizar bem, quer o livro, quer o filme: diz que se trata de uma “curta e pungente história, comovente precisamente porque tem intensos picos de realismo” (tradução livre). De facto, estes são argumentos de peso, juntamente com o da banda sonora, composta por Lennie Niehaus, para quem ainda não viu As Pontes de Madison County.

Leia o livro ou veja o filme e chore, chore muito, com esta história de Amor.


Miguel Mósca Nunes

06.10.22

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Em 10 de Março de 1946, foi criada a Academia de Santo Amaro, resultante da fusão de três colectividades do Alto de Santo Amaro: a Sociedade Filarmónica Esperança e Harmonia (fundada em 01/01/1865), a Sociedade Filarmónica Alunos e Harmonia (fundada em 17/02/1868) e o Grupo Dramático e Musical Apolo (fundado em 01/07/1915).

Esta Academia tem sido o berço de tantos talentosos e brilhantes artistas, e que tem tido, ao longo dos anos, um papel cultural importantíssimo e, sobretudo, uma missão social muito relevante para as gentes do bairro de Alcântara.

É um local a visitar porque tem história, uma vista deslumbrante sobre a Ponte 25 de Abril, e apresenta espectáculos maravilhosos, revisteiros, levados à cena por artistas de corpo e alma, com a ajuda preciosa de uma equipa técnica que dá tudo de si para entregar em palco o que de melhor se faz em Portugal e com um dos melhores encenadores do país.

Parabéns, Academia de Santo Amaro!


Miguel Mósca Nunes

04.10.22

 

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Qual é a razão de ser da manutenção da faculdade da fala para os arautos do conservadorismo e dos "bons-costumes"? A Providência Divina nada faz para os calar? Talvez seja por estar ocupada a tentar salvá-los, já que estão sempre a invocar o Senhor para fundamentar as maravilhas que defendem. Tempo perdido, porque não me parece que haja qualquer hipótese de redenção.

Esta grupeta, constituida por gente endiabrada que só serve para infernizar a vida de quem quer, simplesmente, ser feliz, é intelectualmente desonesta e enreda-se em motivações torpes, utilizando argumentos científicos e históricos para defender o indefensável. E tudo isto é muito perigoso, porque estas criaturas baralham perniciosamente conceitos para favorecer teorias que lembram o que originou o Holocausto. Esta comparação parece um exagero? Dêem-lhes poder, e logo descobrirão se é exagero ou não.

Defendem a cura para os homossexuais e preleccionam sobre a origem dos genitais. Afirmam que uma sociedade só de homens seria extraordinariamente violenta e, se só de mulheres, nela nada aconteceria. São contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo (e, por conseguinte, contra a adopção por casais do mesmo sexo), alegam que existe uma ideologia de género que visa destruir a família... Inacreditável, mas é verdade! E têm tempo de antena!

Em resposta a uma paródia que a Joana Marques fez, houve alguém que disse: "um pai a sério é aquele que não abre mão da educação dos seus filhos"... pois... até aqui tudo bem... ou assim-assim, porque podemos dizer que os filhos não são nossos. Mas, logo a seguir, estraga tudo ao continuar a bolçar: (um pai a sério é aquele que não abre mão) "do direito a educá-los de acordo com a sua fé, com a sua moral e com aquilo que ele considera ser o melhor para eles". Ora, estas premissas estão todas erradas, porque educar os filhos não é um direito mas, sim, um dever (só por aqui se pode avaliar a estrutura mental do galináceo). Por outro lado, essa educação não pode ser filtrada pela sua fé e pela sua moral, quando há pais que têm uma fé e uma moral completamente distorcidas, como é o caso de quem tece esta eloquente, mas absurda, afirmação. A parte final dispensaria qualquer comentário mas, ainda assim, é necessário reforçar a ideia fundamental, e óbvia, de que há pais que não percebem patavina sobre o seu papel, e que, portanto, sabem lá o que é melhor para os filhos, como parece ser o caso da avantesma... perdão... do autor da extraordinária afirmação.

Chega ao ponto de querer corroborar a sua teoria do bom pai com os excelentes resultados escolares das crianças... eis um claro exemplo da desonestidade intelectual e da completa baralhação de argumentos que pululam naquelas cabeças, que só convencem quem não foi visitado pela inteligência... ui, e há tanto indivíduo que não foi.

Acham que não é possível juntar mais feitiçarias e ingredientes pegajosos a este caldeirão? Ai pois é! Segundo consta, alguns dos autores desta pérolas tentam curar os próprios filhos, com direito a agressões físicas e psicológicas caso haja resistência a este vilipêndio. Digam lá se isto não é um estoiro digno de enriquecer o enredo de uma novela da TVI, para ver se se lhe arrebita a qualidade do entretenimento?!

O que estes infelizes não fazem, por não ser conveniente, é desconstruir o conceito tradicional e conservador de família, que sempre albergou o machismo, a supremacia masculina, a objectificação da mulher, a mentira e a traição. “Quero lá saber que o meu marido ande a experimentar as secretárias que vai contratando, o divórcio é que nunca!”, ou então, “desde que nada se saiba, não me interessa que o meu marido se entretenha com a chouriça do motorista!”. Será que houve alturas em que, num acesso de calores e afrontamentos menopáusicos, já lhes passou pela cabeça atirarem-se à fulana com quem viajam todos os dias no elevador do edifício onde habitam ou trabalham? Se calhar já, mas não convém assumir, e muito menos contar...

Hilariante é o facto de utilizarem a palavra de Deus e da Biblia para legitimar as idiotices que vomitam e os horrores que praticam, como outro alguém que dá palestras (e até escreveu um livro), imaginem, sobre Fátima e os Três Pastorinhos… Jesus... sinceramente, que substância teriam as papas de aveia para pôr estes sérios candidatos ao Prémio Nobel da literatura católica a pensar desta maneira…

Estas personagens parecem robertos itinerantes, com aqueles meneios diabólicos, manipulados sabe-se lá por que entidades... Deus nos livre, nos guarde e nos proteja...

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