Miguel Mósca Nunes
23.12.22
O documentário de Meghan e Harry, na Netflix, é uma declaração de honra sobre a idoneidade de um casal que só quer ser feliz.
Trata-se de uma confissão sobre a difícil viagem que têm feito, juntos, e sobre tudo aquilo que envolve a família real britânica.
Apesar de possuir gabinetes de comunicação que, supostamente, zelam pela sua reputação e imagem públicas, a família real está rodeada de incompetentes que fazem exactamente o contrário, ao impôr uma disciplina baseada em regras e princípios antiquados, num tradicionalismo que não acompanha a mudança.
Meghan e Harry, com o seu novo documentário da Netflix, estão, sobretudo, a honrar a memória de Diana de Gales, ao não ficarem calados. Validam, de uma forma inequívoca, aquilo que Diana disse na famosa entrevista a Martin Bashir, em 1995. Mesmo que isso afaste definitivamente os irmãos. Aparentemente, os genes de Diana passaram para o seu filho mais novo, nomeadamente os que se manifestam em verdade, coragem e honra.
Estão a abrir o jogo e a marcar a sua posição, afastando-se do sistema e prescindindo do financiamento que adviria da sua condição de membros, independentemente do que isso lhes possa trazer de negativo. Mais do que um ajuste de contas, trata-se da reposição da verdade, do restabelecer da justiça. E isto faz tanto sentido, quando olhamos para o que foi a vida de Diana de Gales ou de Grace Kelly do Mónaco.
Entretanto, a Casa Real Britânica desperdiçou mais uma oportunidade de mudança, e de demonstrar que é inclusiva, tolerante e moderna.
Presumo que, aos olhos do público, tudo isto constituirá uma viragem, quer para a imagem do casal, quer para a percepção sobre o que é pertencer à realeza.