Miguel Mósca Nunes
21.09.22
Tantos anos se passaram desde que fui ao cinema com a minha mulher, na altura namorada, assistir ao aclamado e galardoado "The Schindler's List". Desde então nunca mais vi o filme. Não tenho sido capaz, sobretudo porque Spielberg fez um belíssimo e eficaz trabalho, juntando o virtuosismo da sua maneira de realizar filmes, o génio de John Williams, e uma história que nos envergonha a todos e da qual temos de tirar lições.
Uma das últimas cenas do filme, onde Schindler sucumbe à cruel verdade de que poderia ter feito mais, ter salvo mais judeus, e que lhe trouxe, certamente, uma eterna culpa (talvez o preço que ele próprio pagou pelo Holocausto), é simbolica e significativamente essencial: encerra a antítese das razões que justificaram a Solução Final.
E eu não me canso da falar sobre isto, correndo o risco de me tornar chato, porque só vejo sinais de que o mal está apenas dormente. É uma coisa latente, morna, viscosa e, pelos vistos, perpétua, que está só à espera de uma oportunidade para se mostrar com toda a sua força e implacabilidade.
É uma questão de tempo...