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Lately

Histórias, opiniões, desabafos, receitas...

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Histórias, opiniões, desabafos, receitas...


Miguel Mósca Nunes

31.10.23

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A conversa de taberna entre Miguel Sousa Tavares e José Alberto Carvalho foi lamentável, ignóbil e reveladora de uma ignorância sem explicação para duas criaturas com uma formação que deveria garantir um nível de consciência e de inteligência muito superior ao demonstrado.

Estas duas criaturas referem-se ao machismo sem se aperceberem de que são dois verdadeiros exemplos do que é ser machista. Mais, falam em sexismo e objectificação e estão a ser sexistas e a objectificar aquela mulher, que por acaso é trans! Como é que é possível esta falta de noção?!

E misturam argumentos, falando das feministas que são contra os concursos de beleza, por serem, precisamente, contra a objectificação e a favor da igualdade de género, que não cabe no que aqui se discute (sobretudo hoje), mas nada as impede de serem contra a discriminação.

E sim, há mulheres que partilham da opinião destes dois, o que é extraordinário!


Miguel Mósca Nunes

20.09.23

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O treinador tem obrigações de ética fundamentais, e deve ser um verdadeiro líder, no sentido de inspirar e de estimular todos aqueles para quem é um exemplo.

Neste seguimento, e como bom exemplo que deve ser, tem de possuir a inteligência necessária para acolher, proteger, ajudar, acalmar e apaziguar, integrar e gerar o sentimento de pertença em todos aqueles que tutoria e treina. Deve, sobretudo, escutar e observar. E isto, meus caros, não é para todos!

Aliás, tenho verificado, e não com muito espanto ou surpresa (porque já vi e observei muita gente ao longo dos meus 52 anos), que é para muito poucos.

Um treinador não despreza o esforço hercúleo dos seus atletas e não ignora os seus pedidos de ajuda. Não os discrimina, dando-lhes iguais oportunidades para desenvolverem as suas capacidades. Não é rancoroso. Não desiste dos seus atletas. Leva-os ao limite, provando-lhes que podem sempre fazer um esforço extra e ir mais além. Acredita. Olha para eles como se fossem seus filhos. 

Deve promover o convívio, a camaradagem e a união da equipa.

Lamentávelmente, nos últimos anos, não encontrei ninguém a quem pudesse reconhecer as capacidades e virtudes de um grande treinador.


Miguel Mósca Nunes

14.08.23

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Quando quem ocupa um lugar tão importante como o de um mentor, líder, treinador, orientador, não tem qualquer talento para esse efeito, olhando para o outro com os óculos limitados da sua pequenina existência, não há muito a fazer.

Quando não consegue ver o nosso esforço, não vale a pena, significa que é um incapaz, e quem é medíocre nunca conseguirá ver grandeza nos outros.

A melhor estratégia, nestes casos, é o afastamento.

A grande lição que fica é a de sabermos que representa tudo o que não queremos para a nossa vida.

Este caminho é feito, na maior parte das vezes, de evidências pouco óbvias, que é importante interpretar e não deixar escapar. As críticas destrutivas, os acessos de raiva, os gritos, dizem-nos mais sobre o emissor do que sobre o receptor. A sabedoria consiste em aproveitar a oportunidade de nos avaliarmos, de avaliar a medida em que o que é dito se nos aplica, sem que isso signifique a destruição dos nossos sonhos e o baixar de braços.

Porque não há outra maneira de saber se teremos sucesso que a de seguir em frente, evoluir e lutar!

Até esgotarmos todas as nossas hipóteses!


Miguel Mósca Nunes

07.08.23

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Esta é uma receita deliciosa para apresentar, por exemplo, na véspera de Natal (risos e gargalhadas, sininhos, o Bing Crosby a cantar "It's Beginning To Look A Lot Like Christmas" e a gata a subir para a árvore), cujo nome é inspirado na região montanhosa do sudeste da Alemanha. Também é um excelente bolo de aniversário, rico, cheio de sabores e contrastes porque tem álcool, chocolate preto e um doce chantilly.

"Ai que o bolo não é apropriado para criancinhas, tenho a casa cheia de seres gritantes a pular por todo o lado, o que é que eu faço?!"... paciência! Quando muito, deixam de pular por umas horas. Não estamos a falar de Xanax ou de Lexotan, não é verdade?

Aproveitem e deliciem-se!

 

Ingredientes

Chantilly

600 ml de natas
100 g de açúcar em pó
4 folhas e meia de gelatina (para dar consistência)
20 ml de essência de baunilha

 

Recheio de ginjas e mistura de rum

1 frasco de cerejas ou ginjas em calda com aproximadamente 700 g, descaroçadas (utilize 125 ml da calda e deixe a restante no frasco)
200 g de açúcar
80g de amido de milho
40 g de açúcar e 100 ml de rum (para juntar à calda que sobra)

 

Massa

4 ovos
250 g de açúcar
180 ml de óleo vegetal
120 ml de água quente
40 g de cacau em pó
180 g de farinha
40 g de amido de milho
10 g de fermento em pó
5 g de bicarbonato de sódio
5 g de sal

 

Preparação

Começe pelo recheio, colocando 125 ml da calda, as ginjas, o açúcar e o amido ao lume, num tacho, até engrossar. Reserve para arrefecer e coloque no frio. À calda que sobrou, junte 40 g de açúcar e 100 ml de rum, feche o frasco com a respectiva tampa e coloque também no frio.

Entretanto, prepare o bolo, juntando os ovos, o açúcar, o óleo, o cacau e a água quente. Misture tudo com uma varinha ou num copo misturador, por um ou dois minutos. Junte a farinha, o amido, o sal, o fermento e o bicarbonato e misture novamente até incorporar. Leve ao forno pré-aquecido a 180º, em duas formas untadas e enfarinhadas (de preferência com papel vegetal no fundo), por 40 minutos. Desenforme e deixe arreferer.

Quando o bolo estiver à temperatura ambiente, e o recheio de cerejas e a mistura do rum estiverem bem frios, prepare o chantilly. Coloque as folhas de gelatina em água fria, até amolecerem, e reserve cerca de 20 ml de natas num recipiente.

Bata as natas bem frias em alta velocidade, e vá juntando o açúcar em pó e a essência de baunilha, parando de bater quando estiverem bem consistentes. Escorra muito bem as folhas de gelatina, leve os tais 20 ml de natas ao micro-ondas para aquecer e junte a gelatina, mexendo para dissolver. Incorpore a gelatina no chantilly, batendo novamente para incorporar. Reserve no frio.

Divida os dois bolos em duas partes e monte o conjunto, dispondo uma primeira parte no prato, regando-a com a mistura do rum, e espalhando uma camada de chantilly e outra de recheio de ginjas. Repita o processo, até colocar a quarta parte de bolo, que também deverá ser regada. Cubra toda a superfície do bolo com chantilly e decore com raspas de chocolate preto, a gosto.

Coloque o bolo finalizado no frio, e espere umas horas até servir.

À primeira garfada, vai desejar estar perdido numa qualquer floresta alemã, longe, bem longe das preocupações e tarefas infindáveis do dia-a-dia.


Miguel Mósca Nunes

31.07.23

 

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Um bolo de maçã muito especial.

Este bolo é uma adaptação de uma receita que descobri no youtube, feito com pêra em calda, amêndoa moída e baunilha. Claro que tinha de o aportuguesar! Substituí aqueles ingredientes, ajustei as quantidades e, como resultado, temos um bolo delicioso, cremoso, macio e húmido, que derrete na boca, e faz verdadeiros milagres no que diz respeito ao estado de alma de quem o saboreia.

Quando servir o bolo, garanto-lhe que vai ouvir os mais rasgados elogios, ao ponto de ficar incomodado e de não saber o que fazer. Se quiser concretizar um negócio, resolver uma desavença familiar, favorecer a tomada de uma decisão, ouvir um "sim" quando pedir alguém em casamento, sirva este bolo… a culinária tem destas coisas e, às vezes, faz magia!

 

Ingredientes

Creme

3 ovos
150 g de açúcar branco
45 g de amido de milho
750 ml de leite inteiro
Generosas cascas de limão (sem a parte branca)

 

Massa

4 ovos
200 g de açúcar branco
5 g de sal fino
200 ml de leite inteiro
100 ml de óleo vegetal
340 g de farinha
2 colheres de chá de fermento em pó
1 colher de chá de canela moída
4 maçãs descascadas e cortadas em quadrados pequenos

 

Preparação

Começe por fazer o creme, juntando os ingredientes numa panela (misture primeiro os ovos e o amido, evitando deste modo a formação de grumos), e cozinhe em fogo médio, mexendo sempre até engrossar. Reserve para arrefecer.

Pré-aqueça o forno a 180º e forre uma forma rectangular grande, de 30x50 cm, com papel vegetal (untada com manteiga e enfarinhada).

Bata os ovos, o sal e o açúcar por três a quatro minutos, até ficar fofo. Junte o leite e o óleo e misture só até incorporar. Peneire e junte a farinha, a canela e o fermento ao preparado anterior, misturando até incorporar (não bata demais a massa). Junte a maçã e envolva.

Coloque o creme num saco de pasteleiro.

Verta a massa para a forma, corte a ponta do saco de pasteleiro e aplique o creme em linhas longitudinais e transversais, formando uma espécie de xadrez, até esvaziar o saco. Não se preocupe muito com a perfeição...

Leve ao forno por 40 minutos (teste com um palito para verificar se está no ponto).

Deixe arrefecer, desenforme e polvilhe com açúcar em pó.

 

Delicie-se e sinta a magia!

 


Miguel Mósca Nunes

15.06.23

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Uma pergunta, meus queridos: que razão assiste à Câmara Municipal de Lisboa, e que argumento religioso a pode apoiar, para que se gaste mais de 36 milhões de euros nas faladíssimas Jornadas da Juventude, quando o que é necessário é erradicar a pobreza da cidade de Lisboa?

Estamos a falar de gente que dorme ao relento, de gente que está aflita devido ao aumento das rendas, de gente que precisa de se alimentar e de ter condições básicas de vida.

Tudo isto faz gritar a indecência e a falta de humanidade, aos olhos de todos, sem que se faça alguma coisa para contrariar este caminho de atropelo das prioridades. O que interessa são os interesses económicos, argumento utilizado sem qualquer noção do que está a dizer, pelo presidente da Câmara, para justificar o injustificável: disse este provecto e eloquente senhor que o retorno financeiro deste evento será muito significativo e importante porque vai trazer mais turistas e mais investimento, esquecendo que seria muito melhor que os turistas que tanto preza não vissem gente a mendigar e a dormir na rua.

O retorno financeiro da ausência de pobreza, já que este excelso senhor olha só através de binóculos economicistas, seria muito maior! Não há publicidade mais eficaz do que a de uma cidade que cuida dos seus e que cria excelentes condições de vida. Mas valores mais altos se levantam, guardados, talvez, em sacos azuis.

Que mistério é este, que leva a que seja tão difícil canalizar fundos para situações de carência e tão fácil para eventos religiosos que não mudarão as vidas da maioria das pessoas que neles participam?

Um mistério de Deus? Não é de Deus, com certeza!


Miguel Mósca Nunes

12.06.23

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A espuma dos dias...

Ouvi esta expressão da boca da múmia, que é o mesmo que dizer, da boca de um monte de ossos que sai da tumba, de tempos a tempos, para agitar (acredita ele) as águas da podre cena política portuguesa. Acredita que tem mais alguma coisa a acrescentar, algo de novo e revolucionário, que nos retire deste lamaçal de corrupção e de má gestão da coisa pública, mesmo que a sua audiência tenha uma enorme dificuldade em se concentrar nas palavras e no sentido do discurso. E perguntam porquê... porque aquele movimento espasmódico labial é tão espaçoso, que quaisquer bombas que ali rebentassem, ou um qualquer sismo de 9,0 na escala de richter, não seriam suficientes para desviar a nossa atenção.

A múmia vem apontar o dedo ao partido que está no governo, esquecendo que, em 48 anos de alternância PS/PSD, sobra muito pouco de que se possa orgulhar. Ele também lá esteve, por duas legislaturas, e a merda foi a mesma.

O envenenamento continua a alastrar, venha quem vier, para vomitar as mesmas palavras de há anos, sempre as mesmas expressões e adjectivos, acompanhados de esgares e olhos arregalados, como se viessem salvar o país... quando o antídoto milagroso é, afinal, veneno.

Incompetentes, mentirosos e corruptos, vão enchendo os bolsos à conta das negociatas, dos ajustes directos, dos pretenciosos eventos culturais e turísticos. Palcos e infra-estruturas para as jornadas da juventude, um sistema habitacional feito para ricos, rios de dinheiro desperdiçado e o desmantelamento da Saúde, da Educação, da Justiça, do próprio Estado.

Estamos em semi-democracia às mãos desta gente criminosa... há muito tempo.

 

 


Miguel Mósca Nunes

29.05.23

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Este prato já foi servido várias vezes, fétido, mas, ao contrário do que seria normal, por mais podre que a galamba esteja, ninguém a manda para trás, não refilam com o cozinheiro, nem sequer escrevem no livro de reclamações.

O histórico deste estimável marisco da cena política nacional é, no mínimo, de fazer comichão no nariz de gente de bem, atenta e perspicaz, que numa primeira vez se deixaria enganar, mas que à segunda já não, e muito menos à terceira, porque a reacção alérgica é grande.

Esta Galamba que, quando a lagosta andava em estado de graça, a bajulava, e até lhe reencaminhou um SMS de aviso sobre a Operação Marquês. A mesma Galamba que a rejeitou quando caiu em desgraça.

Não deixa de ser extraordinária, a conferência de imprensa dada, na urgência de justificar a saída de um computador, numa espécie de oração a Nossa Senhora dos Aflitos, para ver se se conseguiria mitigar a tempestade que viria por aí, e antecipar o que o ex-adjunto poderia fazer nos dias que se seguiriam. Não deixa de ser, igualmente, extraodrinária, a presunção de que esta fantochada poderia enganar a opinião pública.

O cheiro a podre da galamba, indício claro de que está estragada, já vem de trás... não falando na fase socrática, vem desde aquela famosa e tumultuosa entrevista, competentemente conduzida por Sandra Felgueiras (que no final, curiosamente, lhe pergunta se acha que tem condições para continuar à frente da Secretaria de Estado da Energia), na qual demonstrou que escolheu não levar em conta indícios de corrupção.

Nunca soube de nada, não ouviu nada, e continua a nadar na caldeirada, num redemoinho de intrigas e falácias. O que sobra disto tudo é a má-gestão dos dinheiros públicos e o descaramento de se manter em funções.

O governo é daqueles restaurantes que serve, sucessivamente, mariscadas estragadas... e não despede o cozinheiro!


Miguel Mósca Nunes

24.05.23

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Morreu Tina.

A mulher revolucionária, que se emancipou quando ninguém pensaria que seria possível, numa indústria que vangloria a juventude e despreza o que é maduro. Neste nosso país, uma roqueira quarentona não teria qualquer hipótese, nem hoje e muito menos nos anos 80. Quebrou, portanto, com o idadismo que a levaria a não tomar qualquer iniciativa para recomeçar. Estava nos Estados Unidos (ali, a idade não é tão derrotante), mas era, sobretudo, Tina. E por ser Tina, concretizou o maior regresso alguma vez visto na história da música, com o álbum Private Dancer. Aos 44 anos.

Deu com os pés num marido abusivo, que a esmurrava e humilhava, mesmo na presença dos filhos, deixando para trás todos os direitos de meia vida em cima de um palco suado, exigindo apenas o nome: Turner.

Esta mulher negra, nos anos 70 do século passado (1976), teve a coragem de devolver, ao monstro que a maltratou durante anos, uns valentes golpes (foram poucos), de o abandonar no hotel onde ambos estavam hospedados, e entrar numa perplexa recepção de hotel do outro lado da rua, de cara intumescida e ensanguentada, para pedir que a deixassem ficar só por aquela noite.

Entre 1976 e 1983, um período apelidado por muitos de nostálgico, foi insistindo e continuando a suar em cima do palco, com uma garra inigualável, até que lançou o cover Let's Stay Together, de Al Green, acendendo de novo o sucesso. Já não era, há muito, a Tina do Ike.

Dotada de uma voz poderosa mas muito característica, sublimou o seu passado para o transformar num futuro que se revelou generoso. Sozinha, procurou uma identidade artística que se afirmou com What's Love Got to Do with It, ainda que fosse uma canção previamente gravada pelo grupo Bucks Fizz. E foi assim até se retirar. Inconfundível.

Tina Turner é mais uma referência que desaparece, um monumento cantado da minha contemporaneidade. As memórias da minha adolescência estão a esvair-se, com estas perdas sucessivas que fazem com que eu tenha o vislumbre do meu próprio fim.

 


Miguel Mósca Nunes

14.04.23

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Ana Luísa Amaral, uma das maiores poetas do mundo, já não se encontra entre nós, voou para outra dimensão, onde, certamente, é mais merecida e fará mais falta. A nós, faz-nos falta, mas não a merecemos.

Partilho um dos seus geniais e comoventes poemas, que hoje ouvi novamente, dito pela própria, na entrevista que deu à RTP, emitida a 6 de Agosto de 2022. Revi esta entrevista porque senti saudades de ouvir a voz de Ana Luísa. A voz que dourava todas as palavras que dizia, das pessoas mais sensíveis e inteligentes que Portugal teve o privilégio de ter como cidadã, como já tive a oportunidade de escrever. Comovi-me pela saudade, mas, sobretudo, porque nesta entrevista se percebe que a poeta é muito maior do que aquele estúdio, muito maior do que o próprio jornalista, que não se apercebe da verdadeira dimensão de quem está a entrevistar. Muito maior do que este triste e pobre país. Mais me comovi porque a genialidade e a monstruosidade do talento e da sabedoria de Ana Luísa Amaral são proporcionais a uma humildade que só as grandes pessoas possuem.

 

Testamento

Vou partir de avião
e o medo das alturas misturado comigo
faz-me tomar calmantes
e ter sonhos confusos

Se eu morrer
quero que a minha filha não se esqueça de mim
que alguém lhe cante mesmo com voz desafinada
e que lhe ofereçam fantasia
mais que um horário certo
ou uma cama bem feita

Dêem-lhe amor e ver
dentro das coisas
sonhar com sóis e céus brilhantes
em vez de lhe ensinarem contas de somar
e a descascar batatas

Preparem a minha filha
para a vida
se eu morrer de avião
e ficar despegada do meu corpo
e for átomo livre lá no céu

Que se lembre de mim
a minha filha
e mais tarde que diga à sua filha
que eu voei lá no céu
e fui contentamento deslumbrado
ao ver na sua casa as contas de somar erradas
e as batatas no saco esquecidas
e íntegras

 
 

 

Ana Luísa Amaral

 

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