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Lately

Histórias, opiniões, desabafos, receitas...

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Histórias, opiniões, desabafos, receitas...


Miguel Mósca Nunes

02.04.25

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A letra desta canção de Joni Mitchell faz cada vez mais sentido. Escrita pela cantora que não gosta da fama em 1966, teve uma nova sonoridade e uma diferente interpretação algures pelo início do século XXI e ficou ainda mais intensa. Emociono-me profundamente sempre que a oiço.

A dupla perspectiva, o desencanto que chega com a idade, de quem olha para trás e vê a ilusão, o choque da verdade, a chegada ao topo da montanha.

Se ainda não a ouviram, podem procurá-la no YouTube. Não se vão arrepender.

 

Deixo-vos este belíssimo poema.

 

Both sides now

 

Rows and flows of angel hair

And ice cream castles in the air

And feather canyons everywhere

I've looked at clouds that way

 

But now they only block the sun

They rain and snow on everyone

So many things I would've done

But clouds got in my way

 

I've looked at clouds from both sides now

From up and down, and still somehow

It's cloud illusions, I recall

I really don't know clouds at all

 

Moons and Junes and Ferris wheels

The dizzy dancin' way you feel

As every fairy tale comes real

I've looked at love that way

 

But now it's just another show

You leave 'em laughin' when you go

And if you care, don't let them know

Don't give yourself away

 

I've looked at love from both sides now

From give and take, and still somehow

It's love's illusions, I recall

I really don't know love at all

 

Tears and fears and feeling proud

To say "I love you" right out loud

Dreams and schemes and circus crowds

I've looked at life that way

 

But now old friends are acting strange

They shake their heads, they say I've changed

Well, something's lost, but something's gained

In living every day

 

I've looked at life from both sides now

From win and lose and still somehow

It's life's illusions, I recall

I really don't know life at all

 

I've looked at life from both sides now

From up and down, and still somehow

It's life's illusions, I recall

I really don't know life at all


Miguel Mósca Nunes

06.03.25

Amor é fogo.jpg

 

No V centenário do nascimento de Luís Vaz de Camões, A Barraca apresenta um espetáculo sobre a vida e obra do Poeta, com dramaturgia e encenação de Hélder Mateus da Costa e a participação de Maria do Céu Guerra.
Um espetáculo poético que remete para a História sabendo que entre a Poesia, a Verdade e a História há um belo mal-entendido.

Encenação Hélder Mateus da Costa e Maria do Céu Guerra
Assistência de encenação Gil Filipe
Elenco Adérito Lopes, Beatriz Dinis e Silva, Érica Galiza, Gil Filipe, Luís Ilunga, Maria do Céu Guerra, Manuel Petiz, Rita Mendes Nunes, Samuel Moura, Sérgio Moras, Teresa Mello Sampayo, Vasco Lello, Maria Baltazar
Produção Inês Costa
Apoio à Produção Gil Filipe, Manuel Petiz, Teresa Mello Sampayo
Direcção Musical e Música Original Maestro António Victorino D'Almeida
Cenografia   A Barraca
Concepção de Vídeo   André Letria
Desenho de Luz Vasco Letria
Operação de Luz Ruy Santos
Operação de Som e Vídeo João Pessegueiro
Guarda-roupa   Mestra Alda Cabrita
Adereços Tina Simões
Design Gráfico Inês Costa
Cartaz e Telão Luis Henriques
Fotos Paulo Chaves

Duração: 120 Minutos
Classificação etária: M/12


Miguel Mósca Nunes

19.11.24

Camões,_por_Fernão_Gomes.jpg

Luís de Camões  
[Lisboa, 1524? - Lisboa, 1580] 

Esta biografia é transcrita do site da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), que remete para o Centro de Documentação de Autores Portugueses (Maio de 2004)... sim, porque neste blog não há plágio!

"Poeta épico e lírico, considerado o maior poeta de língua portuguesa de todos os tempos, a sua biografia é ain­da hoje dificílima de traçar, dada a escassez de elementos exactos que sobre ele possuímos. A primeira biografia do poeta só aparece trinta e três anos depois da sue morte, inserta por Pedro de Mariz na edição d' Os Lusíadas (Lisboa, Pedro Crasbeek, 1613), onde vem acompanhada dos comentá­rios de Manuel Correia, já então falecido, que diz ter sido amigo de Camões. É em domínio de incertezas que se aponta a cidade de Lisboa como o lugar mais provável do seu nascimento, em 1524 ou 1525, havendo seis outras localidades que lhe disputam a honra. Coimbra é uma delas. Supõe-se que aí tenha estudado, embora não haja qualquer registo comprovativo de que tenha frequentado a Universidade. Filho de Simão Vaz e de Ana de Sá, como aparece nos documentos oficiais, ou Ana de Sá de Macedo, como ela também usa­va, Luís de Camões teria ido para Coimbra, onde havia um D. Bento, prior do Mosteiro de Santa Cruz e cancelá­rio da Universidade, seu tio, que lhe poderia ter dirigido a educação.

Camões pertence a uma aristocracia empobrecida, que procura no serviço das armas um modo de vida. Crê-se que, na mocidade, tenha estado em Ceuta. Severim de Faria (Discursos Vários Políticos, Évora, 1624), servindo-se de ecos biográficos encontrados na poesia de Camões, infere que ele esteve em África. E Aubrey Bell indica como datas prováveis: 1547-1548 para a partida e 1549 para o regresso a Lisboa. Teria sido em África que um pelouro lhe vazou um dos olhos nalgum recontro com os Mouros. De certeza, sabe-se que a deformidade ocorreu antes da sua partida para a Índia, pois a ela se refere numa carta que de lá escreveu como sendo facto conhecido. Em Lisboa leva, ao que parece, uma vida de estúrdia, tendo sido preso no Tronco da cidade por haver assaltado, numa briga, com outros companheiros seus, um servidor do paço. É perdoado por D. João III em 1553, como o atesta um documento que sugere a sua ida para a Índia.

Do que fez no Oriente durante dezassete anos nada está documentado. Parece que participou (Novembro de 1553) numa expedição à costa do Malabar e esteve, por algum tempo, no cabo Félix, ou Guardafui, incorporado, ao que se crê, no cruzeiro ao estreito de Meca, entre Fevereiro e Outubro de 1555, feito pela armada de Manuel de Vasconcelos. É depois destas duas expedições que se situa o seu período na China (Macau). Em data que é impossível precisar, Camões naufragou nas costas do Camboja, ou ac­tual Vietname, salvando das águas o manuscrito d' Os Lu­síadas, como ele próprio declara (X, 128). Ao cabo de três anos de serviço militar, provavelmente em 1556, Camões foi licenciado, tendo depois aceitado, tanto quanto é pos­sível julgar, o desempenho de funções públicas. À roda de 1568, decerto em busca de melhor sorte, vem para Moçambique, onde Diogo do Couto o encontra, vivendo na maior indigência (Década IX, cap. 20, Lisboa, 1786). O poeta passava então o tempo a aperfeiçoar Os Lusíadas e trabalhava numa obra intitulada Parnaso de Luís de Ca­mões, que lhe furtaram. Couto e os amigos do poeta, de escala em Moçambique, quotizam-se, pagam-lhe as dívi­das e a viagem, e com ele seguem para o Reino, arribando ao porto de Cascais na Primavera de 1570 (Couto, Década VIII, cap. 28, Lisboa, 1786).

A 24 de Setembro de 1571, Camões obteve de D. Sebastião o alvará que lhe permite imprimir Os Lusíadas por um período de dez anos. Em 1572 sai a obra, em Lisboa, em casa do impressor António Gonçalves. E, em 28 de Ju­lho do mesmo ano, D. Sebastião concede ao poeta uma tença anual de 15000 réis, a pagamento desde 12 de Março, pelos serviços que este lhe havia prestado na Índia, e não apenas para o compensar pela publicação d' Os Lusía­das. Esta tença foi paga irregularmente, mas sempre na sua totalidade, dela beneficiando, por ordem de Filipe II de Espanha, a mãe do poeta, que lhe sobreviveu. É graças a esta documentação que sabemos que a morte de Camões ocorreu em Lisboa, a 10 de Junho de 1580.

Em vida, além d' Os Lusíadas, Camões publicou apenas três composições. A primeira é uma ode laudatória, escrita na Índia e dedicada a Garcia de Orta ("Aquele único exemplo"), que aparece nos Colóquios dos Simples e Dro­gas (Goa, 1563). As outras duas peças – a elegia «Depois que Magalhães teve tecida» e o soneto «Vós ninfas da gan­gética espessura» – saíram na História da Província de Santa Cruz (Lisboa, 1576), de Pêro de Magalhães de Gân­davo.

O Parnaso de Luís de Ca­mões, em que ele trabalhava, foi-lhe roubado e as edições que dele conhecemos são todas edições póstumas. As Ri­mas (Lisboa, 1595) são a primeira edição da lírica, feita a partir de cancioneiros manuscritos, que, não obstante o cuidado de Fernão Rodrigues Lobo Soropita, seu organiza­dor anónimo, contém imperfeições graves e se encontra incompleta.

Das edições póstumas, o teatro de Camões foi a primei­ra obra a aparecer, incluído no volume Primeira Parte dos Autos e Comédias Portuguesas (Lisboa, 1587), onde a maior parte cabe a António Prestes. Os dois autos-comédias, Anfitriões e Filodemo, figuram na colec­tânea como da autoria do poeta, nada se sabendo, porém, do texto que lhes serviu de base. Que a censura inquisito­rial exerceu cuidadosa vigilância não há hoje dúvida, por­que no Cancioneiro de Luís Franco Correia, 1557-1589, em manuscrito, se encontra uma versão do Auto de Filo­demo (fol. 269r-286v), que é muito mais ousada na crítica institucional e dos costumes do que a do texto publicado. De acordo com a informação exarada no Cancioneiro, po­de inferir-se que o auto foi levado à cena em Goa, por al­tura dos festejos que, em 1555, assinalaram a investidura de Francisco Barreto no cargo de governador, cujas funções desempenhou sem interrupção até 1558.

A epopeia camoniana, baseada literalmente na viagem de Vasco da Gama à Índia (1497-1498), é um poema de grande complexidade estética, onde a crítica moderna tem visto não apenas a história do povo lusíada e da aventura humana, empenhada na devassa da natureza, mas a jorna­da arquetípica de uma alma, que se descobre individual­mente e busca na memória colectiva a efectividade de valores, posta à prova pela exigência dos tempos. Os Lu­síadas passam a ser encarados como uma obra plurissigni­ficante. E a voz do poeta, que na epopeia se faz ouvir, ga­nha novas dimensões na lírica, onde a torturante exploração da subjectividade, do amor e do conhecimento atinge a maior altura, fazendo de Camões indiscutivelmente um autor de estatura universal."
 


Miguel Mósca Nunes

13.08.24

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Quando quero reflectir sobre o meu caminho e as escolhas que fiz, refugio-me na escarpa da alma, onde encontro a resposta para as dúvidas e o calmante para os receios. Um dia destes fui parar a Santa Cruz, em sonhos, à procura do embalo do oceano, e ali fiquei perdido, horas a fio.

Olho para trás e reconheço que poderia ter sido outra coisa completamente diferente. Poderia ter sido actor. Sim, era isso que gostaria de ter sido... um actor. Passei fugazmente pelo palco, nos ensaios de uma peça de Oscar Wilde, “A Importância de Se Chamar Ernesto”, encenada pelo João Mota. Era a Adelaide João que me abria a porta da Comuna, a porta para um mundo que acabaria por não ser meu. Aquele mundo era soturno, escuro, cheio de panos negros e cheirava a antigo, a passado e a desencanto, num país em que a arte não é para toda a gente e não é valorizada. Neste país a arte não é para todos. Não convém...

Lamentavelmente, só cheguei aos ensaios do segundo acto. Tudo aquilo terminou, sem sequer estrear, pela ausência do encenador... Não estaria para aturar um bando de entusiastas amadores e deixou de aparecer... Desencantado pela desconsideração e falta de compromisso, o elenco sucumbiu à frustração, desistiu da peça e desmembrou-se, mas tive ali o vislumbre do que queria ser, do futuro que queria para mim. Foi ali que tive a certeza...

Essa experiência, ainda que insatisfatória no plano das expectativas que criamos sobre as pessoas e, por isso, desilusória, fez com que tivesse a certeza absoluta de que queria ser Actor. Contudo, não foi suficientemente forte para vergar a cobardia e fazer com que mudasse totalmente o rumo da minha vida. Tinha de ser assim, caso contrário o meu presente não seria este. Tudo tem uma razão. Tudo faz sentido, mais cedo ou mais tarde. A expensas da minha vocação, tenho este agora que é maravilhoso, sobretudo pelas pessoas que estão comigo.

No final, lá mais para a frente, daqui a umas três ou quatro décadas (estou a ser optimista), sobrará o vento, as nuvens e o mar.

 

 


Miguel Mósca Nunes

17.11.22

 

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Adele já ascendeu a um patamar onde muito poucos artistas chegam.

Esta cantautora é uma extraordinária manipuladora de emoções, através da maneira como canta, mas, sobretudo, através do que escreve, com uma densidade que a aproxima de Stevie Wonder, Paul McCartney ou Neil Young.

Easy On Me ou To Be Loved estão ao nível de Lately ou de Overjoyed, de The Long and Winding Road ou de Blackbird, de Heart of Gold ou de Philadelphia.

A métrica, a construção frásica, as figuras de estilo, a escolha das palavras, e a ordem como elas aparecem nos versos, são absolutamente geniais. Emocionam-nos de forma descontrolada, fazem-nos pensar nas questões essenciais das nossas vidas, elevando-nos a um plano onde pensamos que há muito poucas coisas que importam.

Cada vez que a ouço, faço um esforço para não me desmanchar, porque Adele é única no seu canto. A rouquidão e a potência misturadas com a técnica, permitem-lhe passar sucessivamente de voz de cabeça para voz de peito com uma perfeição inigualável, e brincar com as transições e com os falsetes como ninguém.

A juntar a esta mestria, existe a emoção, o lamento, a profundidade de uma voz que é das mais belas que já ouvi.

 


Miguel Mósca Nunes

10.11.22

Gal-Costa.jpg

Gal morreu.

Aquela que se estreou ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia.

Aquela que melhor cantou Desafinado, de António Carlos Jobim, e que cantou Nada Mais, a sua versão de Lately, de Stevie Wonder, levando-nos a níveis celestiais de alegria e júbilo. Era inigualável.

Aquela que registou dos melhores duetos musicais, com Jorge Ben no tema Que Pena, com Tim Maia em Dia de Domingo, com Bethânia em Sonho Meu, ou com Chico Buarque no incrível Samba do Grande Amor.

Aquela que acreditava numa conexão espiritual entre os seres humanos, e que esperava ter uma existência para lá da sua morte.

Aquela que nunca engravidou por ter uma obstrução nas trompas, e que adoptou uma criança, resgatada, assim, da probreza e da miséria.

Aquela que, em 1975, gravou Modinha para Gabriela, para a abertura da telenovela da Rede Globo Gabriela.

Aquela que cantou, de forma absolutamente visceral, Aguarela do Brasil e Festa do Interior.

Aquela que cantou, de forma absolutamente sublime, Força Estranha.

Aquela que, nos anos 80, recuperou da sabotagem de um projecto, Fantasia, previsto para estar em cena durantes muitos meses no Canecão, sendo um fiasco porque, na estreia, e após três dias de ensaios, a mesa de som estava completamente desmarcada, e todos os canais trocados.

Aquela que, em 1994, acidentalmente, mostrou as mamas, num espectáculo de Gerald Thomas e, ainda assim, não parou de cantar.

Aquela que sempre se assumiu como bissexual.

Marília Gabriela disse, numa entrevista à cantora, que a memória musical de toda uma geração passa, consistentemente, pela voz de Gal Costa. A memória viva musical dessa geração. É verdade, porque essa voz de soprano brilhante, límpida, suave e potente, é inesquecível.

Morreu Gal Costa, a Voz do Brasil.

 

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