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Lately

Histórias, opiniões, desabafos, receitas...

Lately

Histórias, opiniões, desabafos, receitas...


Miguel Mósca Nunes

17.11.22

 

adele.jpg

Adele já ascendeu a um patamar onde muito poucos artistas chegam.

Esta cantautora é uma extraordinária manipuladora de emoções, através da maneira como canta, mas, sobretudo, através do que escreve, com uma densidade que a aproxima de Stevie Wonder, Paul McCartney ou Neil Young.

Easy On Me ou To Be Loved estão ao nível de Lately ou de Overjoyed, de The Long and Winding Road ou de Blackbird, de Heart of Gold ou de Philadelphia.

A métrica, a construção frásica, as figuras de estilo, a escolha das palavras, e a ordem como elas aparecem nos versos, são absolutamente geniais. Emocionam-nos de forma descontrolada, fazem-nos pensar nas questões essenciais das nossas vidas, elevando-nos a um plano onde pensamos que há muito poucas coisas que importam.

Cada vez que a ouço, faço um esforço para não me desmanchar, porque Adele é única no seu canto. A rouquidão e a potência misturadas com a técnica, permitem-lhe passar sucessivamente de voz de cabeça para voz de peito com uma perfeição inigualável, e brincar com as transições e com os falsetes como ninguém.

A juntar a esta mestria, existe a emoção, o lamento, a profundidade de uma voz que é das mais belas que já ouvi.

 


Miguel Mósca Nunes

10.11.22

Gal-Costa.jpg

Gal morreu.

Aquela que se estreou ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia.

Aquela que melhor cantou Desafinado, de António Carlos Jobim, e que cantou Nada Mais, a sua versão de Lately, de Stevie Wonder, levando-nos a níveis celestiais de alegria e júbilo. Era inigualável.

Aquela que registou dos melhores duetos musicais, com Jorge Ben no tema Que Pena, com Tim Maia em Dia de Domingo, com Bethânia em Sonho Meu, ou com Chico Buarque no incrível Samba do Grande Amor.

Aquela que acreditava numa conexão espiritual entre os seres humanos, e que esperava ter uma existência para lá da sua morte.

Aquela que nunca engravidou por ter uma obstrução nas trompas, e que adoptou uma criança, resgatada, assim, da probreza e da miséria.

Aquela que, em 1975, gravou Modinha para Gabriela, para a abertura da telenovela da Rede Globo Gabriela.

Aquela que cantou, de forma absolutamente visceral, Aguarela do Brasil e Festa do Interior.

Aquela que cantou, de forma absolutamente sublime, Força Estranha.

Aquela que, nos anos 80, recuperou da sabotagem de um projecto, Fantasia, previsto para estar em cena durantes muitos meses no Canecão, sendo um fiasco porque, na estreia, e após três dias de ensaios, a mesa de som estava completamente desmarcada, e todos os canais trocados.

Aquela que, em 1994, acidentalmente, mostrou as mamas, num espectáculo de Gerald Thomas e, ainda assim, não parou de cantar.

Aquela que sempre se assumiu como bissexual.

Marília Gabriela disse, numa entrevista à cantora, que a memória musical de toda uma geração passa, consistentemente, pela voz de Gal Costa. A memória viva musical dessa geração. É verdade, porque essa voz de soprano brilhante, límpida, suave e potente, é inesquecível.

Morreu Gal Costa, a Voz do Brasil.

 

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