Miguel Mósca Nunes
12.06.23
A espuma dos dias...
Ouvi esta expressão da boca da múmia, que é o mesmo que dizer, da boca de um monte de ossos que sai da tumba, de tempos a tempos, para agitar (acredita ele) as águas da podre cena política portuguesa. Acredita que tem mais alguma coisa a acrescentar, algo de novo e revolucionário, que nos retire deste lamaçal de corrupção e de má gestão da coisa pública, mesmo que a sua audiência tenha uma enorme dificuldade em se concentrar nas palavras e no sentido do discurso. E perguntam porquê... porque aquele movimento espasmódico labial é tão espaçoso, que quaisquer bombas que ali rebentassem, ou um qualquer sismo de 9,0 na escala de richter, não seriam suficientes para desviar a nossa atenção.
A múmia vem apontar o dedo ao partido que está no governo, esquecendo que, em 48 anos de alternância PS/PSD, sobra muito pouco de que se possa orgulhar. Ele também lá esteve, por duas legislaturas, e a merda foi a mesma.
O envenenamento continua a alastrar, venha quem vier, para vomitar as mesmas palavras de há anos, sempre as mesmas expressões e adjectivos, acompanhados de esgares e olhos arregalados, como se viessem salvar o país... quando o antídoto milagroso é, afinal, veneno.
Incompetentes, mentirosos e corruptos, vão enchendo os bolsos à conta das negociatas, dos ajustes directos, dos pretenciosos eventos culturais e turísticos. Palcos e infra-estruturas para as jornadas da juventude, um sistema habitacional feito para ricos, rios de dinheiro desperdiçado e o desmantelamento da Saúde, da Educação, da Justiça, do próprio Estado.
Estamos em semi-democracia às mãos desta gente criminosa... há muito tempo.