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Histórias, opiniões, desabafos, receitas...

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Histórias, opiniões, desabafos, receitas...


Miguel Mósca Nunes

05.01.24

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"No início dos anos 1930, os partidos anti-republicanos (direita clássica, direita nazi e Partido Comunista) estavam em maioria na República de Weimar.
O Partido Nazi apenas somou 12 deputados (em 608) nas eleições de Maio de 1928, ao passo que, em Setembro de 1930, conquista 107 lugares no Reichstag (mais de 18% dos votos). Nas legislativas de Julho de 1932, o NSDAP impõe-se, com 37% dos votos e 230 deputados, ainda que recue ligeiramente (33,1% dos votos e 196 deputados) nas eleições de Novembro de 1932 (também elas antecipadas). Nas presidenciais de Abril de 1932, Hitler tinha chegado ao segundo lugar, com 11 300 000 votos. E o Partido Nazi, que não reunia mais de 79 mil militantes no início de 1929, junta, quatro anos depois, cerca de 850 mil."

     In "Atlas do Holocausto, a Execução dos Judeus na Europa, 1939-1945", Georges Bensoussan, Editora Guerra e Paz

Vale a pena pensar nisto, sobretudo pelo evidente crescimento da extrema-direita, pelos fenómenos eleitorais recentes e pelos indícios de radicalismos em tudo semelhantes aos que caracterizavam a ideologia nazi.


Miguel Mósca Nunes

26.10.22

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No aproximar da quadra natalícia, onde os valores da fraternidade, da inclusão e da igualdade devem ser exaltados, fazendo frente à vocação, curiosamente muito humana, segregacionista e discriminatória, “O Diário de Anne Frank” surge como uma excelente leitura, principalmente para os jovens, podendo ser um óptimo presente. Mesmo para os mais resistentes aos livros.

O relato do dia-a-dia, num período de mais de dois anos, de um conjunto de judeus, escondidos num exíguo anexo, atirados dessa forma para uma condição sub-humana de existência, escrito por uma jovem na transição para a fase da adolescência, torna-se particularmente violento e torturante, quando o leitor sabe que o destino provável é a morte daquela família às mãos dos nazis. Porque a história é sobejamente conhecida, e porque o terror do Holocausto foi real e implacável. Impiedoso.

Mas o que o livro encerra, verdadeiramente, é a terrível e actual ameaça de um acontecimento que germinou nos mais profundos sentimentos de ódio e de rejeição da diferença, que é transversal à História da Humanidade, e que teve uma das suas mais negras expressões no nazismo alemão, que começou a crescer na República de Weimar (logo após a Primeira Guerra do Séc. XX). Nos dias de hoje, os sinais de que não mudámos permanecem assustadoramente vivos.

A oposição entre o bem e o mal é patente nesta obra, nas palavras de uma jovem encarcerada, com o objectivo de fugir aos horrores dos campos de concentração (não conhecia as razões últimas – escapar ao extermínio), com todos os motivos para descrer no seu futuro, mas que mantinha uma centelha de esperança, e tinha o desejo de ser melhor, no meio daquele circunstancialismo: “(…) todos os dias resolvo ser melhor”.

Apesar de tudo, acreditava na bondade Humana.

Boas leituras e feliz Natal.


Miguel Mósca Nunes

21.09.22

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Tantos anos se passaram desde que fui ao cinema com a minha mulher, na altura namorada, assistir ao aclamado e galardoado "The Schindler's List". Desde então nunca mais vi o filme. Não tenho sido capaz, sobretudo porque Spielberg fez um belíssimo e eficaz trabalho, juntando o virtuosismo da sua maneira de realizar filmes, o génio de John Williams, e uma história que nos envergonha a todos e da qual temos de tirar lições.

Uma das últimas cenas do filme, onde Schindler sucumbe à cruel verdade de que poderia ter feito mais, ter salvo mais judeus, e que lhe trouxe, certamente, uma eterna culpa (talvez o preço que ele próprio pagou pelo Holocausto), é simbolica e significativamente essencial: encerra a antítese das razões que justificaram a Solução Final.

E eu não me canso da falar sobre isto, correndo o risco de me tornar chato, porque só vejo sinais de que o mal está apenas dormente. É uma coisa latente, morna, viscosa e, pelos vistos, perpétua, que está só à espera de uma oportunidade para se mostrar com toda a sua força e implacabilidade.

É uma questão de tempo...


Miguel Mósca Nunes

21.02.22

Imre Kertész, um escritor húngaro e sobrevivente do Holocausto, afirmou que “o problema de Auschwitz não é o de saber se devemos manter a sua memória ou metê-la numa gaveta da História. O verdadeiro problema de Auschwitz é a sua própria existência e, mesmo com a melhor vontade do mundo, ou com a pior, nada podemos fazer para mudar isso”.

Este é um bom resumo da monstruosidade que terminou há 77 anos. Não nos podemos esquecer de que, para além dos judeus, ciganos, polacos, comunistas, prisioneiros de guerra, soviéticos, deficientes, foram exterminados homossexuais.

Temos de nos interrogar sobre se a génese do pensamento nazi não está em nós e se a nossa natureza não é comum à dos que preconizaram a Solução Final, quando discriminamos alguém.

Vale a pena pensar nisto...

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