Ontem, ao explorar as fotos que tenho guardadas no google, deparei-me com algumas que acordaram a nostalgia e trouxeram uma saudade de me deixar de lágrimas nos olhos.
Fotos dos meus filhos, pequeninos, que me remetem para um tempo de tranquilidade e de idílio, quando saía do trabalho para os ir buscar, e regressávamos todos a casa, para tomar banho, jantar e depois lermos histórias ao deitar. Um tempo em que eu rejeitava sujeitar os meus filhos aos fastidiosos trabalhos de casa, porque sempre entendi que o ensino se esgotava na escola e não deveria tomar tempo aos pais, que precisam de estar com as suas crianças sem obrigações e sem condicionalismos. São crianças e precisam de tempos livres.
Hoje em dia fala-se tanto na conciliação da vida laboral e familiar mas esta lógica também se aplica às crianças, que precisam de brincar, de descansar, de pausar em relação às suas obrigações escolares, e de estar com os seus pais de uma forma descontraída. Contudo, parece que não há entendimento neste sentido. Os professores exigem que os pais entrem forçosamente na equação do ensino, e sejam responsáveis pelo prolongamento do estudo nas suas casas. Um absurdo, quando todos nós sabemos que chegamos a casa estafados e do que mais precisamos é de relaxar.
Como fui sempre contra isto, e um fervoroso crítico dos professores, sobretudo porque a minha experiência com eles nunca foi positiva, salvo raríssimas excepções, a minha postura sempre foi a de reduzir ao mínimo o disparate dos TPC. A estratégia foi a de aproveitar o ATL e os centros de estudo por onde os meus filhos passaram.
Juro que me estou a segurar nas críticas aos professores, mas não posso deixar de referir que os que encontrei pela frente deixaram muito a desejar nas suas capacidades técnicas e pedagógicas, para não falar daquelas que fazem um bom professor: bom-senso, empatia, imaginação, o tratar todos os alunos por igual e tentar estimular todos da mesma forma, não ter preferências, não discriminar, não diminuir os que têm mais dificuldades, e, sobretudo, gostar daquilo que se faz... gostar é pouco. Ser um apaixonado na sua missão!
Lembro-me sempre de uma história exemplar e ilustrativa do que acabo de escrever, que se passou comigo. Sempre fui um péssimo aluno a matemática, sobretudo porque a minha primária foi horrível, com uma professora que era uma imbecil, e que fazia das aulas um terror. Mas quando passei para a Escola Fernando Pessoa, nos Olivais, para aquilo a que agora se chama o quinto ano, e aproveitando a mudança, toda uma novidade, resolvi dar uma segunda oportunidade à matemática, que se veio a revelar a última. Foi a última porque, já no segundo período, lá consegui uma nota positiva num teste. Queria ter bons resultados, estava a gostar da matéria, e esforcei-me com gosto.
O que é que a idiota da professora fez? Quando me entregou o teste, à frente da turma inteira, disse que eu copiara ou cabulara para atingir aquele resultado. Aquela besta, em vez de aproveitar o momento para ganhar um aluno, perdeu-o para sempre. Infelizmente, há exemplos destes a rodos, de gente que não honra uma profissão tão especial e sensível.
Voltando às memórias que me deixaram de lágrimas nos olhos, ontem vi fotos dos meus queridos filhos ilustrativas de um tempo mágico que não volta mais.