Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Lately

Histórias, opiniões, desabafos, receitas...

Lately

Histórias, opiniões, desabafos, receitas...


Miguel Mósca Nunes

15.06.23

cnn.jfif

Uma pergunta, meus queridos: que razão assiste à Câmara Municipal de Lisboa, e que argumento religioso a pode apoiar, para que se gaste mais de 36 milhões de euros nas faladíssimas Jornadas da Juventude, quando o que é necessário é erradicar a pobreza da cidade de Lisboa?

Estamos a falar de gente que dorme ao relento, de gente que está aflita devido ao aumento das rendas, de gente que precisa de se alimentar e de ter condições básicas de vida.

Tudo isto faz gritar a indecência e a falta de humanidade, aos olhos de todos, sem que se faça alguma coisa para contrariar este caminho de atropelo das prioridades. O que interessa são os interesses económicos, argumento utilizado sem qualquer noção do que está a dizer, pelo presidente da Câmara, para justificar o injustificável: disse este provecto e eloquente senhor que o retorno financeiro deste evento será muito significativo e importante porque vai trazer mais turistas e mais investimento, esquecendo que seria muito melhor que os turistas que tanto preza não vissem gente a mendigar e a dormir na rua.

O retorno financeiro da ausência de pobreza, já que este excelso senhor olha só através de binóculos economicistas, seria muito maior! Não há publicidade mais eficaz do que a de uma cidade que cuida dos seus e que cria excelentes condições de vida. Mas valores mais altos se levantam, guardados, talvez, em sacos azuis.

Que mistério é este, que leva a que seja tão difícil canalizar fundos para situações de carência e tão fácil para eventos religiosos que não mudarão as vidas da maioria das pessoas que neles participam?

Um mistério de Deus? Não é de Deus, com certeza!


Miguel Mósca Nunes

12.06.23

download.jfif

A espuma dos dias...

Ouvi esta expressão da boca da múmia, que é o mesmo que dizer, da boca de um monte de ossos que sai da tumba, de tempos a tempos, para agitar (acredita ele) as águas da podre cena política portuguesa. Acredita que tem mais alguma coisa a acrescentar, algo de novo e revolucionário, que nos retire deste lamaçal de corrupção e de má gestão da coisa pública, mesmo que a sua audiência tenha uma enorme dificuldade em se concentrar nas palavras e no sentido do discurso. E perguntam porquê... porque aquele movimento espasmódico labial é tão espaçoso, que quaisquer bombas que ali rebentassem, ou um qualquer sismo de 9,0 na escala de richter, não seriam suficientes para desviar a nossa atenção.

A múmia vem apontar o dedo ao partido que está no governo, esquecendo que, em 48 anos de alternância PS/PSD, sobra muito pouco de que se possa orgulhar. Ele também lá esteve, por duas legislaturas, e a merda foi a mesma.

O envenenamento continua a alastrar, venha quem vier, para vomitar as mesmas palavras de há anos, sempre as mesmas expressões e adjectivos, acompanhados de esgares e olhos arregalados, como se viessem salvar o país... quando o antídoto milagroso é, afinal, veneno.

Incompetentes, mentirosos e corruptos, vão enchendo os bolsos à conta das negociatas, dos ajustes directos, dos pretenciosos eventos culturais e turísticos. Palcos e infra-estruturas para as jornadas da juventude, um sistema habitacional feito para ricos, rios de dinheiro desperdiçado e o desmantelamento da Saúde, da Educação, da Justiça, do próprio Estado.

Estamos em semi-democracia às mãos desta gente criminosa... há muito tempo.

 

 


Miguel Mósca Nunes

29.05.23

JGalamba_Global.jfif

Este prato já foi servido várias vezes, fétido, mas, ao contrário do que seria normal, por mais podre que a galamba esteja, ninguém a manda para trás, não refilam com o cozinheiro, nem sequer escrevem no livro de reclamações.

O histórico deste estimável marisco da cena política nacional é, no mínimo, de fazer comichão no nariz de gente de bem, atenta e perspicaz, que numa primeira vez se deixaria enganar, mas que à segunda já não, e muito menos à terceira, porque a reacção alérgica é grande.

Esta Galamba que, quando a lagosta andava em estado de graça, a bajulava, e até lhe reencaminhou um SMS de aviso sobre a Operação Marquês. A mesma Galamba que a rejeitou quando caiu em desgraça.

Não deixa de ser extraordinária, a conferência de imprensa dada, na urgência de justificar a saída de um computador, numa espécie de oração a Nossa Senhora dos Aflitos, para ver se se conseguiria mitigar a tempestade que viria por aí, e antecipar o que o ex-adjunto poderia fazer nos dias que se seguiriam. Não deixa de ser, igualmente, extraodrinária, a presunção de que esta fantochada poderia enganar a opinião pública.

O cheiro a podre da galamba, indício claro de que está estragada, já vem de trás... não falando na fase socrática, vem desde aquela famosa e tumultuosa entrevista, competentemente conduzida por Sandra Felgueiras (que no final, curiosamente, lhe pergunta se acha que tem condições para continuar à frente da Secretaria de Estado da Energia), na qual demonstrou que escolheu não levar em conta indícios de corrupção.

Nunca soube de nada, não ouviu nada, e continua a nadar na caldeirada, num redemoinho de intrigas e falácias. O que sobra disto tudo é a má-gestão dos dinheiros públicos e o descaramento de se manter em funções.

O governo é daqueles restaurantes que serve, sucessivamente, mariscadas estragadas... e não despede o cozinheiro!


Miguel Mósca Nunes

12.01.23

Corruption.png

Qualquer fulano, engravatado, ou fulana, de saia-casaco e de lencinho no pescoço, indumentárias indispensáveis à afectação circunspecta, de seriedade, para o exercício de funções públicas, leva a cabo as maiores vigarices, sem qualquer vergonha ou pudor. E sem punição, a não ser uma demissão branqueadora.

Os doutores e engenheiros que pululam nos cargos governativos formam, afinal, uma miscelânea de corruptos, seja de forma directa ou fechando os olhos ao que lhes passa pelas vistas. Chega ao cúmulo de não terem qualquer problema por serem arguidos, coisa normalíssima para esta gentalha, nos dias que correm.

O próprio primeiro-ministro não acha importande reavaliar um certo despacho beneficiador da organização para a qual uma das "competentíssimas" demissionárias vai, agora, trabalhar como gestora. Mas que leviandade é esta, vinda de quem tem um dos cargos mais importantes do país? Ninguém percebeu ainda que esta senhora já estava a trabalhar para essa organização na altura do dito despacho?! Onde anda a ética, a que já chamam de republicana?

Enfim... mais do que sempre houve. Não há volta a dar neste pardieiro.


Miguel Mósca Nunes

09.01.23

democracia-by-mafalda-quino-em-luis-cunha-fb-07102

O aproveitamento, ou, se quisermos, o açambarcamento da res publica, dura há anos. A diferença é que se tornou visível, nomeadamente através da comunicação social, que tem tido um papel fundamental ao impedir, ou, pelo menos, mitigar, a cegueira colectiva.

Contudo, não é suficiente, porque há um mal maior. Uma letargia associada à falta de conhecimento e de cultura e a condições de vida que geram exaustão e pouca vontade para intervir, isto é, para exercer a chamada cidadania activa. É desonesto dizer-se que a responsabilidade pelo estado de coisas é do povo, porque a miséria material e intelectual é mantida, precisamente, pelos políticos.

Tudo isto, associado à elevada abstinência, é muito conveniente para os poderes públicos e quem neles habita e se move, que só quer que as negociatas, e os proventos e estatuto que delas advêm, passem despercebidos, disfarçados e, sobretudo, intocáveis.

As inúmeras demissões dos últimos dias são sintoma da lama que escorre da governação mas, infelizmente, não são cura. A grande porca, tão inteligentemente ilustrada pelo Bordalo, continua a alimentar os porcos.

É lamentável que, a par deste estado de graça, desta manutenção do fausto das elites políticas, haja o sacrifício de tanta gente que merecia muito melhor.

O que resta da democracia? Muito pouco…


Miguel Mósca Nunes

04.12.22

5435822987_7a14d3535c_b.jpg

4 de Dezembro de 1980

Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro, Ebbe Merete Seidenfaden Abecassis, Adelino Manuel Lopes Amaro da Costa, Maria Manuela Simões Vaz Pires Amaro da Costa, António Pinto Basto Patrício Gouveia, e os pilotos Jorge Manuel Moutinho de Albuquerque e Alfredo de Sousa, acabavam de descolar do aeroporto da Portela, rumo ao Porto, com a ideia de jantarem no restaurante "O Escondidinho" antes de participarem no comício de encerramento da campanha do general António Soares Carneiro, candidato da Aliança Demócrática às eleições presidenciais. Depois do jantar, seria só necessário atravessar a rua para o coliseu.

Às 20 horas e 24 minutos, o atentado estava consumado, quando o avião se despenhou contra o primeiro andar da vivenda Zeca, em Camarate.

Segundo Augusto Cid, no cessna 421-A seguia documentação altamente comprometedora para certos sectores do poder: um explosivo dossier sobre Timor, informações confidenciais sobre a situação na Polónia, um dossier sobre os implicados no assassinato do industrial Joaquim Torres, altamente lesivo para a imagem do presidente da República Ramalho Eanes, e um relatório detalhado sobre o destino dado às várias centenas de milhares de contos atribuídos ao Fundo de Defesa do Ultramar. Seria, assim, "imperioso travar Sá Carneiro e impedir, por todos os meios, que ele chegasse ao Porto, como providenciar para que toda a documentação que o acompanhava não caísse em mãos erradas. (...) Camarate visou essencialmente esses dois objectivos. (...) Os traidores com os quais Francisco Sá Carneiro havia prometido ajustar contas após as eleições presidenciais, no famoso discurso do Hotel Sheraton, terão certamente jogado aqui um papel crucial. Suspeitando que o primeiro-ministro estava já ao corrente das suas actividades e conhecia a identidade dos principais cabecilhas, a sua sobrevivência política dependia da eliminação física do lider do Partido Social Democrata antes de consumado o acto eleitoral e conhecidos os seus resultados." *

A VIII Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar ao Acidente de Camarate deu como certa a existência de atentado, através da colocação de uma bomba no aparelho, e concluiu que o Fundo de Defesa Militar do Ultramar foi alvo de uma utilização abusiva ao longo dos anos. Ficou igualmente provado que Adelino Amaro da Costa estava a investigar as operações de venda de armas que envolviam o Estado Português, em particular, a venda de armas ao Irão. 

O relatório final da X Comissão Parlamentar de Inquérito à tragédia de Camarate reafirma que a queda do avião em Camarate, na noite de 4 de dezembro, deveu-se a um atentado.

Contudo, em 2022, 42 anos depois, estamos exactamente na mesma, com uma classe política corrupta, hipócrita e vendida ao poder económico, e que continuará a fazer todos os esforços para que as suas artimanhas e esquemas de usura do erário público se mantenham.

Em 2022 estamos exactamente na mesma, sem haver consequências para este crime hediondo, e sem a nomeação dos responsáveis de um atentado que nos envergonha a todos, neste atoleiro que é Portugal.

* Camarate, Augusto Cid, 1984, Distri Editora (5.ª edição)

 


Miguel Mósca Nunes

15.10.22

Gerações de políticos passaram pelos sucessivos governos constitucionais do pós 25 de Abril. Responsáveis pela situação em que nos encontramos agora! Mas não nos excluamos de responsabilidades, porque eu só encontro uma explicação para que os tenhamos eleito: a nossa ignorância, incompetência e laxismo que levou, sobretudo, à nossa falta de ética de voto, isto é, sempre votámos sem querer saber o que estávamos realmente a fazer.

Votávamos pela cor política, pela simpatia dos abutres que acenam aos deslumbrados pelo populismo, nos cortejos de campanha de rua.

Vergonha sinto por este triste país, fadado para coisas pequeninas, levado ao engano por gente que arregala os olhos quando cheira o poder, e dilui a sua integridade quando não prescinde de se sentar, mesquinhamente contente, no banco de trás de um carro com motorista acabado de ser comprado às custas da coisa pública... quando tem o vislumbre de estar a substituir o prato na mesa de um filho, cuja mãe se prostitui por ter perdido o sustento, pelo calor do estofo saído da fábrica!

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub