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Lately

Histórias, opiniões, desabafos, receitas...

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Miguel Mósca Nunes

05.11.22

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Ontem, no parlamento francês, um deputado da extrema-direita gritou, sem qualquer pudor, uma frase nojenta, muito comum nos dias de hoje e de ontem: "Volta para África!". Ouvi isto, e o célebre "volta para a tua terra", com alguma frequência, da boca de muita gente com quem contactei ao longo da minha existência.

Marine Le Pen apressou-se a suavizar esta demonstração de racismo e de xenofobia, ou dourar a pílula, como quiserem, alegando que o seu protégé não estava a referir-se ao deputado Carlos Martens Bilongo, mas aos refugiados do Norte de África. Uma desculpa que não colhe.

Com o argumento de que a intenção foi a de dizer “Eles que voltem para África!” ("Qu'ils retournent en Afrique!" em vez de "Qu'il retourne en Afrique!"), estão a branquear o inadmissível!

De qualquer forma, de acordo com o Observador, «a transcrição oficial dos trabalhos da Assembleia da República também interpretou a tirada no singular, ou seja, oficialmente o que ficou registado como tendo sido dito por Grégoire de Fournas foi “Ele que volte para África!”, em referência ao deputado da LFI».

Não há maneira de suavizar esta tirada porque ela encerra um desejo de aniquilação, de eliminação, que não podemos esconder nem desculpar. Quando dizemos isto, estamos a querer que o alvo deste desejo saia da nossa esfera de existência, que deixe de estar vivo na nossa realidade. Falamos de seres humanos que queremos excluir, fazer desaparecer. Chama-se a isto xenofobia! Estamos a falar da mesma coisa que originou o Holocausto!

Nas fotos que encimam este post vemos a dicotomia entre o bem e o mal. E a luta é cada vez mais visível.

Vale a pena pensar nisto.

 

 


Miguel Mósca Nunes

10.10.22

 

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Através deste livro, transposto para o cinema, chega-nos uma história muito bem escrita por Kathryn Stockett, sobre a discriminação racial nos Estados Unidos, na década de 60 do século XX.

A obra vai muito para além do simples relato de acontecimentos, dando corpo a um romance com personagens fictícias baseadas em pessoas reais, como a empregada negra que a autora teve quando criança, a viver no Estado do Mississipi, um dos estados sulistas onde a segregação racial mais se fazia sentir na altura.

Mantém um registo sério mas hilariante, humano e rigoroso na descrição dos costumes da época, e é sublime na demonstração da futilidade e das aparências a mascarar uma maldade profundamente enraizada na sociedade americana, que ainda hoje não desapareceu. Mestre na progressão das suas personagens ao longo da narrativa, a autora vai desenrolando cada capítulo com uma densidade psicológica suficientes para arrebatar o leitor até ao final do livro.

Uma nota para a esperança que deposita no carácter e na bondade do Homem, e nos valores da igualdade, da solidariedade e da amizade, nomeadamente através das personagens de Aibileen Clark, Minny Jackson e Eugenia Phelan (Skeeter), e para o suspense criado pela reserva, quase até ao final, das consequências negativas para a mesquinha e oca Hilly Holbrook, de que os leitores estão à espera quase desde o momento em que a conhecem, logo no início da história.

Detenham-se na deliciosa cena da tarte, e no que tem de determinante para toda a trama. Inesquecível!

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