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Lately

Histórias, opiniões, desabafos, receitas...

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Histórias, opiniões, desabafos, receitas...


Miguel Mósca Nunes

26.10.22

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No aproximar da quadra natalícia, onde os valores da fraternidade, da inclusão e da igualdade devem ser exaltados, fazendo frente à vocação, curiosamente muito humana, segregacionista e discriminatória, “O Diário de Anne Frank” surge como uma excelente leitura, principalmente para os jovens, podendo ser um óptimo presente. Mesmo para os mais resistentes aos livros.

O relato do dia-a-dia, num período de mais de dois anos, de um conjunto de judeus, escondidos num exíguo anexo, atirados dessa forma para uma condição sub-humana de existência, escrito por uma jovem na transição para a fase da adolescência, torna-se particularmente violento e torturante, quando o leitor sabe que o destino provável é a morte daquela família às mãos dos nazis. Porque a história é sobejamente conhecida, e porque o terror do Holocausto foi real e implacável. Impiedoso.

Mas o que o livro encerra, verdadeiramente, é a terrível e actual ameaça de um acontecimento que germinou nos mais profundos sentimentos de ódio e de rejeição da diferença, que é transversal à História da Humanidade, e que teve uma das suas mais negras expressões no nazismo alemão, que começou a crescer na República de Weimar (logo após a Primeira Guerra do Séc. XX). Nos dias de hoje, os sinais de que não mudámos permanecem assustadoramente vivos.

A oposição entre o bem e o mal é patente nesta obra, nas palavras de uma jovem encarcerada, com o objectivo de fugir aos horrores dos campos de concentração (não conhecia as razões últimas – escapar ao extermínio), com todos os motivos para descrer no seu futuro, mas que mantinha uma centelha de esperança, e tinha o desejo de ser melhor, no meio daquele circunstancialismo: “(…) todos os dias resolvo ser melhor”.

Apesar de tudo, acreditava na bondade Humana.

Boas leituras e feliz Natal.


Miguel Mósca Nunes

21.09.22

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Tantos anos se passaram desde que fui ao cinema com a minha mulher, na altura namorada, assistir ao aclamado e galardoado "The Schindler's List". Desde então nunca mais vi o filme. Não tenho sido capaz, sobretudo porque Spielberg fez um belíssimo e eficaz trabalho, juntando o virtuosismo da sua maneira de realizar filmes, o génio de John Williams, e uma história que nos envergonha a todos e da qual temos de tirar lições.

Uma das últimas cenas do filme, onde Schindler sucumbe à cruel verdade de que poderia ter feito mais, ter salvo mais judeus, e que lhe trouxe, certamente, uma eterna culpa (talvez o preço que ele próprio pagou pelo Holocausto), é simbolica e significativamente essencial: encerra a antítese das razões que justificaram a Solução Final.

E eu não me canso da falar sobre isto, correndo o risco de me tornar chato, porque só vejo sinais de que o mal está apenas dormente. É uma coisa latente, morna, viscosa e, pelos vistos, perpétua, que está só à espera de uma oportunidade para se mostrar com toda a sua força e implacabilidade.

É uma questão de tempo...

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