Miguel Mósca Nunes
24.03.22
Já fez um ano que subimos ao palco do All Together Now, numa experiência única. Não me canso de dizer que foi maravilhoso partilhar este momento com a minha filha. Mas agora é tempo de voar sozinha.
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Miguel Mósca Nunes
24.03.22
Já fez um ano que subimos ao palco do All Together Now, numa experiência única. Não me canso de dizer que foi maravilhoso partilhar este momento com a minha filha. Mas agora é tempo de voar sozinha.
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Miguel Mósca Nunes
30.05.21
O meu passado foi mais ou menos difícil, consoante as circunstâncias. Não posso esquecer que sofri, mas não posso escurecer a memória no que diz respeito aos momentos felizes, aos triunfos e, sobretudo, não posso esquecer que fui amado por várias pessoas.
E amei.
O amor é determinante para que o saldo seja positivo quando olho para a minha vida. Aos oitenta anos. Meu Deus, aos oitenta anos…
Sinto uma angústia profunda quando penso nos caminhos que poderia ter seguido, numa narrativa mais saborosa e melódica, comparando com as escolhas que fiz. A dúvida sobre o que não me aconteceu é cruel. Teria sido mais feliz?
Leonor. A minha querida Leonor. Fomos muito íntimos nas palavras e nas ideias mas nunca tivemos um contacto físico que ultrapassasse a troca habitual de beijos quando nos cumprimentávamos… há sessenta anos não seria normal de outra forma. Mas o toque dos lábios na face, aquele breve instante, era explosivo. Para os dois.
Falávamos de tudo, olhávamos para tudo, cheirávamos tudo, líamos tudo. Eramos almas gémeas, frequentávamos uma escola conservadora que não permitia manifestações físicas de carinho. E se havia vontade para as ter! Estávamos contidos, presos em coletes de força, tão libidinosos, encantados um pelo outro.
Ela é a mulher da minha vida, mas não a escolhi. Ter esta consciência, agora, é terrível. Seria muito melhor não saber.
Casou, cerca de quatro anos depois de termos falado pela última vez. Divorciou-se. Casou novamente.
Morreu há 48 horas. E eu estou aqui, de braço dado à minha mulher, trazido para o velório por um amigo em comum.
A olhar para Leonor como se não tivesse passado tempo nenhum.