Miguel Mósca Nunes
23.07.24
13 de Julho de 2024, 18 horas e 10 minutos, Pensilvânia.
̶ Está tudo preparado Mr. Trump…
̶ Vejam lá se não me lixo desta vez!
̶ Não se preocupe, está tudo a postos e as balas vão passar a uma distância de segurança mais do que suficiente…
̶ O que quer que isso signifique… ̶ olhou de forma jocosa para o homem alto e robusto que estava à sua frente, elegantemente vestido de preto, com auriculares nos ouvidos e com um coldre escondido no flanco esquerdo, que albergava uma arma de calibre 9 mm.
̶ Não se esqueça de levar a mão à sua orelha assim que ouvir o primeiro disparo, Mr. Trump ̶ falou ao mesmo tempo que procurava, nos olhos de quem estava à sua frente, a certeza de que a mensagem tinha sido compreendida ̶ , basta pressionar, que a cápsula faz o resto.
O homem de preto agarrou a mão direita do portador de uma ambição desmedida e descontrolada pela presidência de um dos maiores países deste mundo retorcido, e colou a invisível cápsula na falange proximal do dedo médio. Passados cinco minutos, aquela figura estava a discursar em cima de um palanque, com uma crédula moldura humana à sua volta.
22 de Julho de 2024, 09 horas e 25 minutos, Washington, D.C.
̶ À conta daquele bandalho assassino, vou levar com horas a fio de um interrogatório vergonhoso! ̶ disse Kimberly Cheatle, directora dos Serviços Secretos Americanos, ao mesmo tempo que se dirigia a passos largos para a Câmara dos Representantes, na Ala Sul do Capitólio. ̶ O idiota está a destruir-nos, a comprometer irremediavelmente a nossa credibilidade e a levar-nos para o buraco!
À medida que se aproximava da sala, o rubor da sua face começava a ser visível, e lutava estoicamente contra a sua vontade de pedir a demissão.