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Lately

Histórias, opiniões, desabafos, receitas...

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Histórias, opiniões, desabafos, receitas...


Miguel Mósca Nunes

23.08.24

 

"A quase morte é um contacto momentâneo com outra realidade, ou assim parece a quem relata esta experiência. Uma pessoa está deitada na sala de urgências ou unidade de cuidados intensivos. O coração pára e, para todos os efeitos, segue-se a morte. No entanto, alguns destes pacientes, tipicamente os que sofreram paragem cardíaca, podem ser ressuscitados. Quando são, 20% referem pelo menos um dos sintomas de EQM (a abreviatura de experiência de quase morte na literatura médica) - separar-se do corpo, olhar para baixo e ver-se na sala de operações, ver executar actos clínicos quando os médicos tentam reactivar-lhes o coração, encontrar um túnel, ir na direcção de uma luz brilhante, sentir a presença de um poder superior, ouvir e ver entes queridos fazerem sinal para avançarem."

Deepak Chopra, A Vida depois da Morte 

 

Nota: Numa sondagem Gallup de 1991, 13 milhões de americanos, aproximadamente 5% da população, referiram que tinham tido uma dessas experiências. 

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Imagem de Hieronymus Bosch, Heavenly Paradise, c. 1505-1515, oil on panel (oak), Venice, Museo Palazzo Grimani


Miguel Mósca Nunes

09.03.22

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Estamos a precisar de consolo, e nada melhor do que uma receita típida do Outono, que fica bem durante todo o ano, para nos fazer esquecer o que anda por aí a acontecer. Uma receita inspirada na melhor tradição portuguesa e relacionada com o Pão por Deus e com o Dia de Todos os Santos, 1 de Novembro, muito semelhante ao dia das Bruxas ou Halloween (dos países anglo-saxónicos), no qual as crianças andam de porta em porta a pedir doces ou travessuras (trick or treat).

Dizem as críticas que não deveriamos adoptar o que não é nosso. Contudo, a minha opinião é a de que podemos fazer de tudo para que as nossas crianças tenham motivos de alegria. Não eliminamos mas, sim, acrescentamos. É tudo uma questão de perspectiva.

Onde cheira a broa mora gente boa. Se levarmos umas broas ao Putin, pode ser que o estupor se redima.

As minhas Broas dos Santos

Ingredientes

  • 700 g de farinha
  • 1 colher (de sobremesa) de Fermento em Pó
  • 2 ovos
  • 300 g de açúcar amarelo ou mascavado
  • 200 g de Nozes ou outros frutos secos
  • Duas colheres de sopa de mel
  • 150 ml de azeite
  • 60 ml de vinho do Porto
  • 100 g de manteiga derretida
  • 125 g de leite
  • Uma colher de sopa de canela
  • Uma colher de sopa de erva doce
  • Uma colher de chá de sal

 

Preparação

Misture os ovos com o açúcar, o mel, o azeite, o leite, o vinho do Porto, a manteiga, a canela, a erva doce e o sal. Incorpore as nozes.

Junte o fermento e depois a farinha, até incorporar, sem amassar (é muito importante que não amasse, para que as broas não endureçam).

Faça pequenas bolas com as mãos enfarinhadas e coloque num tabuleiro forrado com papel vegetal, com a distância suficiente para não se colarem umas às outras, durante a cozedura.

Se quiser, pode passar gema de ovo por cima de cada broa.

Leve ao forno a 200g até alourar.

Nota: vá juntando a farinha aos poucos, para avaliar a consistência da massa, que fica no ponto quando deixa de se colar às mãos – pode acontecer que não utilize a totalidade da farinha.

 

Bom consolo!

 

 


Miguel Mósca Nunes

08.03.22

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Porque será? Será que é mero capricho, um aferro oco, sem sentido e sem razão de peso?

Não, meus caros. Eu adoro o Natal porque é uma época de reencontro. É onde eu radico a minha esperança e a certeza de que, apesar de todas as dificuldades e contrariedades, o que mais importa são as pessoas e a bondade.

No Natal consolo-me com os sonhos, as rabanadas, o Abade de Priscos, os chocolates. Regozijo-me ao ver os meus mais queridos aconchegados no sofá, a ver o Polar Express, com mantas nos joelhos. Delicio-me com o cheiro a cabrito assado, com a árvore a abarrotar de decorações, da qual sou guardião por causa da gata, com o presépio e com a grinalda que coloco em cima do alçado do aparador ou da lareira.

Mas é mais do que isto! Sou completamente apanhado pelo Natal por causa da magia que me faz esquecer, por semanas, a merda de humanos que somos, as atrocidades que se vão cometendo todos os dias, o fel da maldade que esguicha por todo o lado, a falta de empatia, as desigualdades, a mesquinhez e a crueldade. Não é uma época de redenção, porque os pecados continuam, persistentes. Mas é um reencontro amnésico com a minha infância. É no Natal que eu tenho a desculpa de voltar a ser o que sempre fui.

Vamos ver se no próximo consigo regressar à essência… com tanta carga de vilania e sordidez que o ano já leva, será que vai ser difícil sentir o Espírito Natalício?


Miguel Mósca Nunes

27.02.22

 

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O doido por pudins traz mais uma receita para vos deixar completamente extasiados, quer pelo sabor, quer pela textura cremosa e mais consistente, que nos oferece esta maravilhosa alternativa.

Adaptei esta receita, retirando-lhe um pouco de farinha para aveludar ainda mais este pudim dos deuses e alterando também os ovos. O conforto e a indulgência são o mote para a escolha do que aqui se mostra.

Aproveitem para fazer uma surpresa ao vosso amor. Verificarão que é infalível para tornar especial um final de dia.

 

Ingredientes:

  • 4 ovos inteiros
  • 2 gemas
  • 400 g de açúcar
  • 2 colheres de sopa de manteiga com sal (se optar por manteiga sem sal, junte uma colher de chá de sal à parte)
  • 1 litro de leite gordo
  • 200 g de farinha sem fermento
  • 200 g de açúcar e 200ml de água, para o caramelo

 

Preparação:

Leve ao lume o açúcar e a água e deixe ferver, sem mexer, até chegar à cor âmbar para um caramelo no ponto (não deixe escurecer para não correr o risco de queimar). Verta este preparado numa forma rectangular ou quadrada. Pode utilizar uma forma redonda com 24 cm de diâmetro, com pouca altura (aproximadamente 5 cm) e sem furo no meio. Não é necessário cobrir as laterais. Reserve.

Este pudim, ao contrário de outros, pode ser batido num liquidificador, porque contém farinha.

Comece por misturar as gemas, os ovos inteiros, o açúcar e a manteiga, batendo por cerca de dois a três minutos no liquidificador. Depois junte o leite e junte a farinha aos poucos, à medida que vai misturando, até adicionar a totalidade desta.

Verta a mistura para a forma e leve ao forno pré-aquecido a 180º, em banho-maria, durante quarenta minutos. Confirme se o pudim está no ponto ao inserir uma faca que deverá sair limpa. Deixe arrefecer e leve ao frio pelo tempo suficiente para ficar fresco. Retire da forma e delicie-se.

Dica: ferva a água numa chaleira antes de a verter para o banho-maria, caso contrário é provável que tenha de aumentar o tempo de cozedura por quinze minutos.


Miguel Mósca Nunes

27.02.22

Quando em Portugal continuamos a ver políticos corruptos a servirem-se da sua condição para colocarem os seus interesses pessoais à frente dos interesses do país e que se mantêm impunes pelos roubos sucessivos ao erário público, quando assistimos diariamente a manifestações e sinais de que continuamos a ser um país de doutores e engenheiros, uma cambada de gente retrógrada que só dá valor aos títulos e designações académicas, cumprindo uma tradição endémica e nobiliárquica que protegia, acima de tudo, os seus títulos e condição, quando vemos constantemente cadeiras vagas na Assembleia da República, quando ainda continuamos a ter secretárias para servir cafés em reuniões, porque com toda a certeza nos cairão os parentes na lama se o fizermos, na Ucrânia há um presidente que vai para o teatro de guerra, um presidente da câmara que não arreda pé e que diz que vai lutar até ao fim e um deputado armado a percorrer as ruas da cidade.

A imagem que impregna a minha imaginação é a de uma deserção total da classe política, que classe não tem nenhuma, caso a guerra acontecesse aqui, neste rectângulo ibérico.

 


Miguel Mósca Nunes

24.02.22

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Estamos perante um dia negro na História recente da Humanidade, que de humanidade nada tem. Somos a pior espécie que habita este planeta!

Nunca deveriamos ter reunido condições para evoluir até sermos Sapiens Sapiens. Talvez, se tivessemos ficado pelo Homo Sapiens Idalto, não possuíssemos a natureza que nos caracteriza. Somos asquerosos, mesquinhos, vis. Somos arrogantemente idiotas quando temos poder. Somos parceiros no mal. Carcereiros de nós próprios.

O Holocausto terminou com a libertação dos campos de concentração há 77 anos e não aprendemos nada. Faço-vos aqui uma confissão: nunca acreditei, verdadeiramente, que alguma vez conseguissemos evoluir e distanciarmo-nos do que nos levou àquele horror, sobretudo porque não somos empáticos, solidários, irmãos!

Assisto a isto todos os dias, nas pessoas que se atravessam no meu caminho. Consigo sentir a mediocridade, a insolência, a presunção, a ostentação, a avareza, o ridículo abuso do poderzinho. Sobretudo, a falta de inteligência.

E é tudo isto que está no espírito deste idiota que começa agora uma guerra.

Lamentável mas real, infelizmente.

 

 


Miguel Mósca Nunes

21.02.22

Imre Kertész, um escritor húngaro e sobrevivente do Holocausto, afirmou que “o problema de Auschwitz não é o de saber se devemos manter a sua memória ou metê-la numa gaveta da História. O verdadeiro problema de Auschwitz é a sua própria existência e, mesmo com a melhor vontade do mundo, ou com a pior, nada podemos fazer para mudar isso”.

Este é um bom resumo da monstruosidade que terminou há 77 anos. Não nos podemos esquecer de que, para além dos judeus, ciganos, polacos, comunistas, prisioneiros de guerra, soviéticos, deficientes, foram exterminados homossexuais.

Temos de nos interrogar sobre se a génese do pensamento nazi não está em nós e se a nossa natureza não é comum à dos que preconizaram a Solução Final, quando discriminamos alguém.

Vale a pena pensar nisto...


Miguel Mósca Nunes

21.02.22

Só neste país... Só neste país é necessário entrar num reality show para tentar reabilitar a carreira, contornar a precariedade, manter-se à tona. Um país que não merece os artistas que tem, talentosíssimos e de uma preserverança sobre-humana.

Quando noutros países os actores, cantores e humoristas, vão somando conquistas e novos projectos, os desgraçados dos portugueses vão desejando convites para participar em programas de dança ou para passar uns valentes meses enfiados na casa mais vigiada do país. Sou só eu que vejo o desvio às vocações desta gente? O desperdício de energia? O caminho tortuoso que muitas vezes não leva a lado nenhum? Uma tremenda injustiça?

Podemos pensar que é trabalho, que é um investimento para que o futuro possa ser melhor, para que haja mais visibilidade, para que novos projectos possam chegar. Ainda há quem acredite? Os repetentes nestes formatos (tantos que, passados anos, voltam a cair no ardil - a única diferença é que estão mais velhos) não serão a evidência de que isto tudo não passa de uma grande trituradora que os esgota, com muito poucas excepções à regra?

Vale a pena pensar nisto…


Miguel Mósca Nunes

20.02.22

Pois é... já lá vai quase um ano, depois da nossa participação no All Together Now. Uma participação, numa produção apressada, de duas pessoas que se querem encontrar na arte, num país tão pequenino em termos de mercado. O que retiro desta experiência, para além dos nervos, é a satisfação de ter partilhado o palco com a minha filha. De ter dado um passo para me mostrar enquanto artista. De ter tido essa coragem! De olhar para trás e ver que poderia ter escolhido outro caminho. Mas se o tivesse feito, não teria, com toda a certeza, os filhos que tenho, nem sequer a mulher que tenho. E isso é insubstituível! Não voltaria atrás para mudar alguma coisa, porque isso implicaria não ter comigo estas preciosidades.

Como disse noutro post, Portugal continua pequenino para abraçar a arte, a diferença e o talento que brota todos os dias, que se quer mostrar numa luta frenética, cansativa e pouco compensatória.

Vi e ouvi tantos artistas maravilhosos, vi naqueles olhos a esperança de que aquela pudesse ser "a oportunidade", senti tantos nervos de quem não queria falhar, de quem queria dar o seu melhor, porque aquela poderia ser "a oportunidade".

Senti-me pequenino perante tanto talento, a cada ensaio que me passava pelos olhos só pensava: "o que é que eu estou aqui a fazer?!".

Antes de subir ao palco, estava tão enervado e inseguro que fiquei apático. Quase sem reação perande a aparição, de surpresa, da minha mulher. Só pensava que já não podiamos voltar atrás. "Espero que a Rita esteja tranquila... Espero que lhe corra bem. E se me faltar a voz? E se me enganar na letra? E se desafinar?".

Entrei no palco, e às primeiras palavras cantadas, desapareceu tudo, excepto a preocupação com a Rita e o orgulho de estar ali com ela, a sentir o privilégio de dividir palco com um dos seres mais incríveis que conheço.

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