Miguel Mósca Nunes
10.08.22
Tive algumas dúvidas sobre se deveria escrever alguma coisa no dia de hoje. Porque é o dia do meu aniversário e pensei que não o deveria fazer. Hesitei, pensei... mas acabei por decidir escrever. Sobretudo porque é um imperativo de consciência, dado o panorama que nos rodeia. O horizonte é muito curto, com tantas manifestações de retrocesso civilizacional, tantos indícios de que estamos a perder direitos e a desrespeitar deveres, cada vez mais. Por estarmos a sofrer perdas irreparáveis no que diz respeito à cultura, aos ícones do feminismo e dos direitos humanos.
Com tantos absurdos ideológicos, com tantas aberrações de pensamento, com tantos idiotas a preleccionar obscuridades, numa Primavera murcha. Não deveria ser tempo do cair da folha. As lutas das últimas décadas estão a fracassar todas, perante um exército conservador, elitista, extremista e de pensamento balizado pela religião que lhes convém, interpretada à luz dos embustes e da perfídia que querem espalhar, criando metástases incuráveis.
Escrevo hoje porque tenho esperança de que haja uma inversão neste caminho espinhoso. Porque quero ser mais uma humilde semente da mudança, invocando o espírito de heróis, como Martin Luther King, Mahatma Gandhi ou Eleanor Roosevelt. Para exortar a consciência de cada um, num apelo à fraternidade que habita em todos nós, mais ou menos adormecida, a optar pelo bem. E o bem não está, certamente, na segregação, no racismo, na opressão, no impedimento à auto-determinação pessoal.
Tenhamos esperança...